domingo, 30 de novembro de 2008

A leiteira e o balde


Uma leiteira ia a caminho do mercado. Na cabeça, levava um grande balde de leite. Enquanto andava, ia pensando no dinheiro que ganharia com a venda do leite:



- Comprarei umas galinhas. As galinhas botarão ovos todos os dias. Venderei os ovos a bom preço. Com o dinheiro dos ovos, comprarei uma saia e um chapéu novos. De que cor?




Verde, tudo verde, que é a cor que me assenta bem. Irei ao mercado de vestido novo. Os rapazes me admirarão, me acompanharão, me dirão galanteios, e eu sacudirei a cabeça ... assim! . . .

E sacudiu a cabeça. O balde caiu no chão e o leite todo espalhou-se.
A leiteira voltou com o balde vazio.

Esopo

Não se deve contar hoje com o lucros de amanhã!

sábado, 29 de novembro de 2008

O Sapo Jurubeba


Os sapos, as rãs e as pererecas passavam dias e noites brincando e cantando no lago da Alegria Sem Fim.

Jurubeba era um sapo implicante, que não enxergava direito, mas não era mau.

Só que ela achava a lagoa bagunçada. por isso, sem perguntar nada a ninguém, resolveu arranjar um rei para pôr ordem nela.

Sapo Bolão, já bem velho e muito sábio, falou para Jurubeba:

- Não faça isso! Seus amigos da lagoa vão ficar com raiva de você. Quem quer um rei?

Mas Jurubeba não ouviu o sapo Bolão. Um dia, ele viu um enorme sapo boiando nas águas da lagoa e gritou:

- Achei! Achei o nosso rei!

Mas o enorme sapo não passava de um tronco velho, coberto de cipós, com um buraco que parecia mesmo uma grande boca aberta.



Jurubeba pensou que fosse um sapo-boi.

Os sapos, as rãs e as pererecas levaram um susto ao ver aquele tronco feio com a coroa do rei dos sapos. Mas não tiveram coragem de deixar Jurubeba triste e se calaram.

Uma manhã, a rãzinha Aretiza acordou de mau humor:

- Já cansei! Fora, seu tronco velho e feio!

Jurubeba acordou com os gritos de Aretiza. Pulou em cima do tronco e gritava:

- Faça alguma coisa, rei dos sapos! Você não é de nada?

Mas o rei não se mexia.

Finalmente, já cansado, Jurubeba voltou para a margem do lago e chorou.

Sapo bolão e Aretiza riam a bandeiras despregadas:



- Rei dos sapos??!! Só se for rei dos troncos velhos!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A Rosa e o Beija Flor








A lagartinha Tixa corria de um lado para o outro, nervosa, suada e assustada.





Quando viu Clarinha no jardim, gritou:

- Claaaaaaaaaaaaaaa ! ! !

- O que foi, Tixa? - perguntou Clarinha.

- A rosa está morrendo de tristeza - falou Tixa.- Então vamos falar com ela - respondeu Clarinha.






Rosa, a flor, abraçou as duas e assim falou:

"Clarinha, por que ninguém liga pra mim?

O elafante Trombão é um desajeitadão!

Só com um pisão me deixa amassada no chão.

A zebra Listrinha quer se enfeitar me colocando na sua gravatinha.

Meus espinhos são tantos, mas tantos, que as crianças têm medo de mim.

Vale a pena viver assim?"

Quando Clarinha ia responder, chegou um Beija-Flor muito elegante, bem diferente do elefante.
usava camisa de listrinha, mas não era a zebrinha.
Rodeou todas as flores de todas as cores.

Escolheu a Rosa, tão cor-de-rosa, a mais linda flor de todo o jardim.





O Beija-Flor beijou Rosa, a flor, que por ele ficou toda dengosa, morrendo de amor.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Anjos em festa



Era uma vez um anjinho que queria dar uma festa lá no céu.Horas mais tarde foi falar com Deus e pedir permissão para a festa acontecer.
Foi uma longa conversa! Deus então decidiu que haveria a grande festa.



Todo feliz, o anjinho convocou todos os anjos e deu a boa notícia.





É claro, que todos ficaram alegres.








Chegou o grande dia, que alegria!! Todos os anjos acordaram bem cedo e deram início aos preparativos.

Na hora marcada . . .

Muita dança, petiscos, música e acima de tudo muita alegria!!

E os anjos puderam passar uma tarde bem diferente!







***Ana Paula***

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Gatinho trapalhão!


Miau, Miau, vou passear no quintal, disse Boris, o gatinho.
Andou, correu, subiu, desceu e "tibum", tropeçou.




Caiu na lata de óleo e saiu melado igual a pinto pelado.








Au, au, fez o cachorro. Não conheço você, não.



Quá, quá, disse o pato. Boris você não é, não.






Currupaco, papaco, papaco.

Sai senão te empaco, disse o papagaio.




Boris ficou muito triste. Seus amigos não o conheciam mais e ninguém queria brincar com ele.



Aí mamãe gata chegou.
- Boris, meu filho, por que você está tão triste?
Você me conhece, mamãe?,perguntou Boris.



- Claro, meu filho! Mesmo vermelho de tomate, verde igual a abacate, amarelo como marmelo, eu conheço sempre você, Boris querido.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Carmelo - O Caramujo



Era uma vez um caramujo que se chamava Carmelo.
Um dia, enquanto passeava calmamente pelo campo, encontrou algumas borboletas e pensou como seria bom se tivesse aquelas cores tão brilhantes na sua carapaça.




Carmelo continuou o seu passeio e logo adiante encontrou uma joaninha e novamente se pôs a pensar:"Como a joaninha é bonita, assim toda vermelha com bolinhas pretas. Por que será que minha concha é sem cor?"
Então Carmelo se sentiu tão triste, mas tão triste por não ter uma carapaça colorida, que começou a fazer um pedido por escrito, para alguém resolver o seu problema.
Foi então que ele avistou um homem, perto dali, misturando tintas para pintar um quadro muito colorido.
Carmelo não perdeu tempo, e o mais rápido que pôde, andou até onde o pintor estava e perguntou sem a menor cerimônia:
- O cavalheiro poderia pintar minha carapaça com as cores das borboletas ou as das asas da joaninha?
O pintor ficou muito feliz em poder ajudar



Carmelo e, na mesma hora, começou a pintar sua carapaça com bolinhas pretas que nem as das joaninhas.
Carmelo não cabia em si de contente, e foi correndo mostrar suas novas cores aos amigos.
No entanto, eles não ficaram nem um pouco impressionados, e um deles disse para Carmelo:
- Que coisa feia, você nem parece um caramujo.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Peixe Pixote




Pixote vivia num lago sempre muito infeliz.
Ele não gostava do lago. Lá era tudo muito escuro, escuro que nem breu, e Pixote morria de medo do escuro.

Toda hora ele ia até a margem do lago. Botava a cabeça pra fora e achava tudo lindo.
Céu azul, grama, sol. Flores para todo lado. criança, gato, cachorro, e era tão colorido, tão alegre, tão claro!
Pixote queria morar na grama entre as árvores. Ele ficava um tempo na margem do lago, mas tinha de voltar pra água para respirar. Para não morrer.
Pixote começava a nadar de novo, no meio do lago. Era uma escuridão sem fim, uma feiúra sem fim, uma tristeza sem fim.
E a vida de Pixote era assim. Da água para margem e da margem para a água. Sempre sozinho, cheio de medo, infeliz da vida.
Um dia, Pixote estava nadando e olhando os outros peixes.
Eles brincavam, contentes nas águas claras do lago. De repente, Pixote pensou:
- Ué! Outros peixes? Águas claras? O que aconteceu?
- Será que vim parar em outro lago sem saber? perguntava Pixote.
E olhava para todo lado e via um monte de coisas novas, via pedras de todos os tamanhos, de todas as cores.
E plantas aquáticas, sapos, rãs.













Até sapatos velhos e brinquedos de crianças tinha lá!
E era tudo tão lindo! A água meio azulada, cheia de claros e escuros, cheia de brilhos. Uma beleza mesmo.
Pixote olhava e ria. Cadê a escuridão? Cadê o medo? Pixote estava era contente, feliz da vida.

De repente Pixote descobriu que tinha acontecido, e começou a rir.

- Eu sou mesmo um pateta! Ficava nadando pra lá e pra cá, morrendo de medo do escuro...

- Lógico! eu só nadava de olhos fechados!

domingo, 23 de novembro de 2008

Advinha...















Era hora de ir para a cama, e o Coelhinho se agarrou firme nas longas orelhas do Coelho Pai.
Ele queria ter certeza de que o Coelho Pai estava ouvindo.
- Adivinha quanto eu te amo? - disse ele.
- Ah, acho que isso eu não consigo adivinhar - respondeu o Coelho Pai.
- Tudo isso - disse o Coelhinho, esticando seus bracinhos o máximo que podia.
Só que o Coelho Pai tinha os braços mais compridos. E disse:
- E eu te amo tudo isto !
Huuum, isso é um bocado, pensou o Coelhinho.
- Eu te amo toda a minha altura - disse o Coelhinho.
- E eu te amo toda minha altura - disse o Coelho Pai.
Puxa, isso é bem alto, pensou o Coelhinho. Eu queria ter os braços compridos assim.
Então o Coelhinho teve uma boa idéia. Ele se virou de ponta cabeça, apoiando as patinhas na árvore.
- Eu te amo até as pontas dos dedos de meus pés!
- E eu te amo até as pontas dos dedos dos teus pés - disse o Coelho Pai balançando o filho no ar.
- Eu te amo a altura de meu pulo! - riu o Coelhinho saltando, para lá e para cá.
- E eu te amo a altura do meu pulo - riu também o Coelho Pai e saltou tão alto que suas orelhas tocaram os galhos das árvores.
- Eu te amo toda a estradinha daqui até o rio - gritou o Coelhinho.
- Eu te amo até depois do rio até as colinas - disse o Coelho Pai.
É uma bela distância, pensou o Coelhinho.
Ele estava sonolento demais para continuar pensando.
Então ele olhou para além das copas das árvores, para a imensa escuridão da noite.
Nada podia ser maior do que o Céu.
- Eu te amo ATÉ A LUA! - disse ele, e fechou os olhos.
- Puxa, isso é longe disse o Coelho Pai. Longe mesmo!
O Coelho Pai deitou o Coelhinho na sua caminha de folhas. E então se inclinou para lhe dar um beijo de Boa Noite.
Depois, deitou-se ao lado do filho e sussurrou sorrindo:
- Eu te amo até a lua...IDA E VOLTA !

sábado, 22 de novembro de 2008

Maricota, a vaca vaidosa


Dona Vaca Maricota anda muito da aflita.
Botou um laço de fita, uma blusa de cocota.
Olha a Vaca Maricota como ficou esquisita: faz de tudo, se enfeita, pra ficar muito bonita!
Botou saia de cetim bordada de margarida, pintou a boca enorme com tinta cor de carmim.
- Sou a vaca Maricota, quero que olhem pra mim!
Calçou seu sapato de verniz, a meia era muito fina, com malha esburacada.
Maricota foi pra feira, toda assim, tão perfumada, com perfume encharcada de flores de violetas, atrás da vaca voavam mais de doze borboletas! Aí, a vaca chegou na feira, numa barraca, comprou um colar "de ouro", imitação bem barata . . . e ficou ali na feira esperando um gordo touro, seu amor, seu namorado, seu xodó, lindo tesouro!
O touro veio se chegando e olhou pra Maricota, levou susto, deu chifrada, avançou na namorada.
Voou laço, voou fita, sapato, cordão de ouro . . .aí . . .sobrou Maricota, e o touro a reconheceu:
- Maricota, minha vida!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Caixinhos Dourados





ERA UMA UMA LINDA MENINA CHAMADA CACHINHOS DE OURO. ELA ERA MUITO CURIOSA. COSTUMAVA MEXER EM TUDO QUE VIA PELA FRENTE. CERTO DIA, A MENINA PASSEAVA PELO BOSQUE, QUANDO AVISTOU UMA BELA CASINHA.
ENTROU ALGO LHE CHAMOU A ATENÇÃO. ALGUNS OBJETOS ERAM MUITO GRANDES, ENQUANTO OUTROS ERAM MÉDIOS OU AINDA PEQUENINOS COMO ELA.
COMO TINHA A MANIA DE OLHAR E MEXER EM TUDO, A MENINA FOI À SALA, ONDE ENCONTROU NOVAS SURPRESAS:

- POR QUE HÁ UMA CADEIRA GRANDE, UMA MÉDIA E UMA PEQUENA? - INDAGOU A CURIOSA.

SENTOU NA CADEIRA PEQUENINA:

- DESTA EU GOSTEI! - EXCLAMOU A MENINA, QUE DE TANTO MEXER NA CADEIRINHA, QUEBROU A COITADINHA.

CHEGANDO À COZINHA, CACHINHOS DE OURO ENCONTROU TRÊS PRATOS CHEIOS DE MINGAU DE MEL.

- OBA, COMIDA! ESTE PASSEIO ESTÁ ME DEIXANDO COM UMA FOME...

PROVOU TANTO DO PRATO PEQUENINO. ESTAVA DO JEITINHO QUE ELA QUERIA. ENTÃO, ELA COMEU TODO AQUELE DELICIOSO MINGAU.

- VOU DORMIR. - RESOLVEU A MENINA.

QUANDO O PAPAI URSO, A MAMÃE URSA E O SEU FILHINHO CHEGARAM EM CASA, UMA DESAGRADÁVEL SURPRESA OS ESPERAVA:

ALGUÉM ENTROU AQUI E MEXEU EM TUDO.

- AFIRMOU O PAPAI.

- E QUEBRARAM MINHA CADEIRINHA!

- CHORAMINGOU O PEQUENINO URSINHO.

CHEGANDO A COZINHA, A FAMÍLIA PERCEBEU QUE ALGUÉM HAVIA COMIDO O MINGAU:

- NÃO DEIXARAM NADINHA. - LAMENTOU O FILHOTE.

QUANDO SUBIRAM AS ESCADAS E FORAM AO QUARTO, MAIS SURPRESAS;

- SILÊNCIO! NA MINHA CAMA HÁ UMA GAROTINHA, QUE AINDA ESTÁ DORMINDO. - OBSERVOU O URSINHO.

CACHINHOS DE OURO DESPERTOU COM AQUELE FALATÓRIO E, ASSUSTADA, SAIU EM DISPARADA. ELA NEM AO MENOS SE DESCULPOU PELAS TRAVESSURAS OU AGRADECEU PELA COMIDA. MAS DE UMA COISA SABEMOS, A PEQUENA MENINA APRENDEU A LIÇÃO E DEIXOU DE SER CURIOSA.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A rã e a vaca










Uma rã viu uma vaca. E achou linda, aquela vaca.

- Como ela é gorda! - dizia ela. - Como ela é grande! Eu sou muito pequena, coisa mais chata! Ah, eu queria tanto ser gorda como a vaca!
Aí a rãzinha começou a comer o máximo que conseguia para ver se ficava gorda, gorda como a vaca!
Às vezes ela nem sentia fome, mas comia assim mesmo e falava para a irmãzinha rã:

- Preste bem atenção, minha irmã, me diga se estou engordando, me diga se fiquei tão gorda quanto à vaca!

- Que nada! Você não é gorda como a vaca.

A rãzinha comeu mais ainda, e engordou bastante; quase nem conseguia mais saltar.

- E agora, já estou tão gorda quanto à vaca?

- Que nada! Você não é gorda como a vaca. Você é bem menor. Nunca na vida você vai ser tão gorda quanto à vaca.

Mas a rãzinha queria porque queria ficar tão gorda quanto à vaca. Aí começou a comer mais grama, mais moscas, e todas as comidas que encontrava pela frente.
E ela engordava. Quase nem conseguia mais andar.
Tinha virado uma rã gorda, gorda, mas não tão gorda quanto a vaca, e sua irmãzinha rã ficava zombando dela.

















- Pode comer tudo que quiser, que não vai adiantar. Nunca na vida você vai ficar tão gorda quanto à vaca. Você é uma rãzinha, uma rãzinha pequena! Por que foi inventar de ficar tão gorda quanto à vaca?

Mas a rãzinha não dava a mínima para sua irmã. Continuava comendo.
E vocês sabem o que aconteceu?
Ela comeu demais, ficou doente e morreu.
Ah que bobinha, aquela rã invejosa! Por que ela não queria ser uma pequena rãzinha?
As rãs são muito simpáticas, pequenas daquele jeito . . . Se fossem gordas como as vacas, seriam muito feias e não conseguiriam saltar na relva e se esconder debaixo das folhas ou no meio das plantas quando a gente tenta agarrá-las.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Uma noite especial











Naquela noite um pobre saiu a implorar auxílio batendo de porta em porta:

— Socorrei-me, boas almas! Em casa acaba de nascer uma criança e eu preciso de acender o lume para aquecer minha esposa e o pequenino. Dai-me um pouco de brasas, pelo amor de Deus!

Mas era alta noite. Toda a gente estava a dormir, e ninguém lhe respondia. De repente, o homem avistou, ao longe, um clarão e, caminhando para lá, encontrou uma fogueira acesa, e em volta dela um rebanho de ovelhas e carneiros brancos a dormir, e um velho pastor a guardá-los, também mergulhado no sono.

Quando o homem que andava em busca de brasas chegou ao pé dos carneiros e das ovelhas, o soar dos seus passos acordou três canzarrões que dormiam aos pés do pastor. As largas bocas dos rafeiros abriram-se para ladrar; mas nenhum som saiu delas. O homem notou que o pelo dos ferozes animais se eriçava e que as suas presas aguçadas luziam ao clarão da fogueira. E todos três se atiraram assanhados contra ele. Um abocanhou-lhe uma perna, outro um braço e o terceiro segurou-lhe a garganta; contudo, as mandíbulas dos três animais ficaram inertes e o homem não foi mordido.

Quis ele então aproximar-se mais do fogo, para de lá tirar algumas brasas. Mas os carneiros eram tantos e estavam deitados tão juntinhos que não havia como passar por entre eles. Foi-lhe forçoso pisá-los para avançar; e nenhum deles acordou, nem se mexeu.

Quando o homem chegou ao pé da fogueira, o pastor que dormitava em sua enxerga de peles ergueu-se impetuoso e irado. Era criatura ruim e mal-encarada. Ao ver ali o desconhecido, agarrou, lesto, uma enorme pedra e arremessou-a contra ele. O perigoso seixo partiu directo ao homem; quando, porém, ia atingi-lo, desviou-se e foi espatifar-se no chão.

Então o homem, aproximando-se do pastor, falou-lhe assim:

— Compadece-te de mim, amigo, e deixa-me levar algumas brasas. Em minha casa acaba de nascer uma criança e eu preciso acender o lume, para agasalhar minha esposa e o pequenino.

O primeiro impulso do pastor foi o de uma recusa cruel; pensou, porém, nos cães que não tinham ladrado nem mordido, nos cordeiros que não tinham fugido, na pedra que não tinha querido ferir o homem. E sentiu um terror vago, indefinível.

— Leva o que quiseres. — respondeu secamente.

Ora, o lume estava agora quase a apagar-se. Nem ramos a arder, nem achas grandes. Só havia um monte de brasas miúdas, e o homem não tinha pá, nem qualquer coisa em que pudesse levá-las. Ao ver isto, o pastor repetiu:

— Podes apanhar as brasas que quiseres!

Mas, no íntimo, regozijava-se maldoso, certo de que o homem não podia levar um braseiro nas mãos nuas. Mas o outro abaixou-se, afastou as cinzas, tomou de uma porção de carvões incandescentes e pô-los numa aba da esfarrapada túnica. E as brasas não lhe queimaram as mãos, não lhe queimaram a véstia e ficaram a brilhar nelas como rútilos rubis. E o desconhecido partiu.

O pastor, vendo tudo isto, disse de si consigo:

— Mas, que noite é esta, em que os cães não mordem, e os carneiros não se espantam, e a pedra não fere, e as brasas não queimam?

Foi ao encalço do homem e interrogou-o:

— Que noite é esta, em que até as próprias coisas se mostram inclinadas ao amor e à piedade?

O homem respondeu:

— É a noite de Natal, meu amigo. Jesus, Salvador, acaba de nascer...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O avô e o neto














Um senhor de idade foi morar com o seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade.
As mãos do velho eram trémulas, a sua visão embaciada e os seus passos vacilantes.
A família jantava reunida à mesa. Mas, as mãos trémulas e a falta de visão do avô atrapalhavam-no na hora da refeição. Ervilhas rolavam da sua colher e caíam no chão.
Quando pegava no copo, o leite era derramado na toalha da mesa. O filho e a nora irritaram-se com a bagunça…
- "Precisamos tomar uma providência com respeito ao pai", disse o filho.
- "Já chega de leite derramado, barulho de gente a comer com a boca aberta e de comida pelo chão."
Decidiram então colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho, enquanto o resto da família fazia as refeições à mesa, com satisfação.
Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, a sua comida passou a ser servida numa tigela de madeira.
Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, notavam-se as lágrimas nos seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe dirigiam eram chamadas de atenção ásperas, sempre que deixava cair ao chão um talher ou pedaços de comida.
O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio….
Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira.
Perguntou delicadamente à criança:

"O que é que fazes aí debaixo?"

E menino respondeu docemente:

- "Ah, estou a fazer uma tigela para o pai e a mãe comerem, quando eu crescer."

O garoto sorriu e voltou ao trabalho… aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que acabaram por ficar absolutamente mudos por instantes.
Lágrimas começaram a escorrer dos seus olhos....comovidos.
Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que tinha de ser feito!
Naquela noite, o pai agarrou o avô pelas mãos e, gentilmente, conduziu-o à mesa da família.
Dali para frente e até o final de seus dias comeu todas as refeições juntamente com toda a família…

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A menina dos fósforos


Era uma vez, numa grande cidade, uma linda menina muito pobre que ganhava a vida a vender caixas de fósforos. Ela sabia que, se chegasse a casa sem ter conseguido vender os fósforos, seria castigada com severidade pelo pai. Para ele, o Natal não tinha encanto; só lhe interessava o dinheiro que a filha lhe tinha de entregar todos os dias.

Numa noite, véspera de Natal, a pequena vendedora vagueava pelas ruas, com a neve a cair em abundância, afundando nela os seus pezinhos. Nas mãos geladas, levava as caixinhas de fósforos.

Dentro das casas aquecidas, as famílias cantavam junto das lareiras e das árvores de Natal, repletas de presentes. O cheiro dos assados quentinhos espalhava-se pelas ruas, desertas e gélidas. Ninguém queria comprar os seus fósforos.

Muito cansada, sentou-se num canto e lembrou-se das bonitas fábulas que a sua doce mãezinha lhe contava, enquanto a embalava nos seus braços quentes. Mas isso fora antes de a tuberculose a ter levado para junto de Jesus.

O frio aumentava. Com lágrimas nos olhos, ela olhou para as caixinhas de fósforos: se acendesse apenas um para aquecer as mãos, talvez o pai não notasse. Pegou num fósforo e acendeu-o. Uma chamazinha quente e luminosa logo brilhou. Para ela, parecia o calor de um grande fogão ali perto. Pegou noutro fósforo e acendeu-o também. Diante dela surgiu uma mesa posta com porcelanas e um delicioso assado, recheado com ameixas e maçãs, exalando um cheiro delicioso. Quando estendeu a mão... a chama desapareceu.

Só a neve caía diante dela. Acendeu um terceiro fósforo. Agora parecia estar sentada junto a uma enorme árvore de Natal, onde milhares de bolas coloridas e estrelinhas cintilavam. De repente, a chama tremeu, o fósforo apagou-se... e tudo desapareceu. A menina acendeu mais um fósforo e lembrou-se da sua avó, que sempre a tratara com ternura. Mas o fósforo apagou-se e a imagem desfez-se.

O frio aumentava. A menina, então, acendeu todos os fósforos que ainda restavam e à sua volta tudo brilhou. Os seus olhos brilharam quando viu dois braços na sua direcção. Quando acordou, estava numa cama bem quentinha. Todos olhavam para ela com muito amor. Agora tinha uma nova família que a adoptara.

NAQUELE LAR, O AMOR TINHA ACENDIDO UMA NOVA CHAMA, QUE NUNCA MAIS SE IRIA APAGAR.