sábado, 31 de janeiro de 2009

Pita ´A Coelhinha diferente

Pita é uma coelha linda. Olhos grandes e brilhantes, pêlo branquinho e muito esperta. Tinha tudo para ser feliz, mas não é.

Ela é um pouquinho diferente das outras coelhas.

Pita nasceu com uma orelha só, por esse motivo ela nunca sai da toca, ou quando sai, corre rapidamente de uma moita para outra para que ninguém a veja.

A coelhinha Pita vive a lamentar-se:

- Ai, ai, quem me dera ser igual a todos os outros coelhos, ter duas orelhas, só assim eu poderia andar livremente sem precisar me esconder. Não tenho ninguém. Quem poderá gostar de uma coelha com uma orelha só. Terei que passar o resto da minha vida escondida para que ninguém me veja.

Neste momento, passava uma carreirinha de formigas trabalhadeiras que cortava caminho por dentro da toca de Pita e ouviram as lamentações da pobre coelha.

As formiguinhas resolveram então parar um pouco para conversar e consolar a coelhinha.

- Pita, ô Pita ...

Imediatamente a coelhinha coloca as patinhas na cara para esconder-se.

- Ai meu Deus, estão me chamando, o que faço agora, ninguém pode me ver.

- Somos nós, Pita, as formigas trabalhadeiras.

- Formigas ! Como vocês entraram aqui ?

- Pela porta, disse uma delas. Você está tão preocupada em passar a vida se lamentando que até esquece de olhar o mundo ao seu redor.

Disse então uma outra:

- Várias vezes nós cortamos caminho por aqui. Fazemos questão de cumprimentá-la, mas você não nos ouve, aí então seguimos nossa viagem.

- Ué, e vocês não me acharam feia e diferente?

Outra formiga respondeu então:

- Não! Você é uma coelha como outra qualquer, ou melhor, até mais bonita.

- Ah, isso não, falta-me uma orelha. Vocês já viram coelhos com uma orelha só?

As formiguinhas riram da ingenuidade de Pita e responderam:

- Nós andamos muito por esse mundão que Deus criou e já vimos muita coisa. Ninguém é igualzinho a ninguém, todos nós temos alguma coisa diferente, mas nem por isso podemos nos sentir diferentes.

- Sabe, Pita, falou umas das formigas. Eu mesma nasci sem uma patinha, mas nem por isso me escondi, estou aqui, com minhas amigas trabalhando e me divertindo. Pare de se esconder e vá aproveitar a vida fazendo amigos.

- Já paramos muito tempo. Vamos seguir viagem.

Gritou o chefe da fileira.

E as formigas foram embora.

Pita ficou sozinha pensando em tudo que as formigas falaram e tomou uma decisão:

- De hoje em diante vou viver uma vida normal como todos os outros, vou passear e fazer amigos.

Pita se perfumou, tomou coragem e saiu.

Saiu com medo, mas saiu sorrindo.

No início, todos estranharam a coelhinha de uma orelha só, mas depois de alguns dias, todos os bichinhos começaram a gostar de Pita. Ela era tão bonita e simpática que a orelha nem fazia falta.

A cada dia, Pita fazia mais e mais amigos, todos queriam conhecer a coelhinha de uma orelha só.

Um belo dia, num lugar muito distante chegou a notícia que havia uma coelha muito famosa, simpática e bonita de uma orelha só.

Carlão era um coelho negro lindo e ficou muito feliz ao ouvir a notícia.

- Vou correr o mundo todo se preciso for para conhecer essa coelha especial, disse Carlão.

E assim fez.

Viajou muito, até chegar ao lugar onde Pita morava.

Foi fácil, pois todos sabiam onde era a casa da coelhinha.

Quando foi se aproximando, ouviu ela cantar:

- Que bom que eu aprendi a ter amigos e a cantar obrigada formiguinhas por essas coisas me mostrar.

Então Carlão cantou:

- Vim de muito longe pra conhecer alguém igual a mim a distância não impediu de te achar neste mundo sem fim.

Neste momento Pita e Carlão se olharam.

Pita se admirou ao ver que Carlão também só tinha uma orelha.

Eles se olharam mais uma vez e nasceu ali um grande amor.

Pita e Carlão se beijaram e foram felizes para sempre.

História enviada pela Professora Mara

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Lua Teimosa





Lua teimosa, não saía do céu e já ia dar meio-dia. É que o sol não tinha aparecido, atrasou-se sei-lá-eu o porquê.

Daí a Lua viu o céu assim, todo azulado e ocupou o espaço mais e mais até esponjar-se toda e ficar. Mas lugar de lua não é neste céu de meio-dia, era o que diziam as nuvens, algumas irritadas, outras nem tanto e outras nem nada diziam, só nuvavam.


Mas a Lua não se importava, não ligava, não dava ouvido a nada, até porque Lua não tem ouvido mas escuta e muito bem.

Ficava no céu e pronto.

Até que achava muito bom ver o dia nascer de vez em quando.
Era época de lua minguante e por isso, andava a Lua tão fina de quebrar; meia-lua, meio-dia, meio clara meio escura, vivendo o espaço do Sol.

Bem, mas como não estava acostumada a ficar assim, acordada de dia, danou a Lua a bocejar... abrir aquela boquinha disfarçada, depois aquele bocão de Lua quando está com sono... por descuido, engoliu até algumas nuvens e brincou de algodão-doce no céu. Ali, pestanejou e dormiu.
Dormiu e sonhou.

O sonho da Lua minguada encheu-se de Sol.
Sonhou pipa, pássaros, poesia. Sonhou cisnes, saveiros e sereias. Sonhou várzeas, vidas e ventos. Sonhou lírios e lábios.

Sonhou liberdade.
E o sonho, de tão sonhado, brincou enrolado em estrelas, dependurou-se em arco-íris, balançou-se qual criança feliz.

Iluminou campos e rios. Então, imensamente nova, a Lua acordou.

Com o entreaberto do olho, pôs-se a rir (aquele risinho de dentro que ninguém sabe que é riso). Achou engraçado todo mundo esperar o Sol. E ficou a Lua, teimosamente no céu de meio-dia que já quase a pertencia. Bem verdade que uma tarde era vinda posto que a Lua havia adormecido por uma hora e alguns outros minutos que não sei bem o quanto. E uma noite logo surgiu e de novo o dia...
As primaveras foram vindo e indo.


Os invernos e os verões.
Outonos varavam.
Era um crescer e um minguar, um encher e um novar sem fim.

A cabeça dos "lá-de-baixo" não entendia nada.

- Afinal, por onde andaria o Sol?
Umas bocas reclamavam. Alguns olhos só olhavam. Outras pernas só passavam e teve quem nem sentisse nada diferente. E foram parando de reclamar. Foram parando de olhar até que foram se acostumando e se acomodando sem o Sol.

As plantas e os bichos também muito sentiram, depois nem tanto até que aprenderam a viver com os raios prateados da Lua que tomava cada vez mais conta do céu.


O tempo foi passando.
(.....)
Um dia desses, em que a Lua já havia feito ninho no céu pois tinha pertences de lua por toda parte: orvalho pros cabelos e batom prateado, vestidos rodados e coloridos, sapatos de saltos os mais variados além de outros apetrechos... pois é... nesse dia, o Sol apareceu.

Estava meio avermelhado de vergonha, meio atrasado,

quer dizer, muito atrasado... - quantas luas haviam passado? Muitas luas. Poucos sóis.
Ele foi logo dizendo que...mas... sabe? Bem... não ia demorar, porém, sabe como é que é, né? Tão somente, todavia, contudo, estava cansado; e agradecia à Lua por ter lhe dado férias mas... agora poderia deixá-lo a sós com o céu...
- A sós, Sol?

E a Lua dizia que os "lá-de-baixo" não sabiam mais quem ele era, o que fazia... tinha sido muito tempo, muita hora, ora ora!


Dai que o Sol, educadamente, foi conversando com a Lua , contando-lhe bonitas histórias de raios e luzes que existiam do outro lado do mundo. E, como ninguém resiste a uma boa história, a Lua foi-se deixando seduzir e quando deu por si, já era o Sol se abrindo no céu com toda sua cor aboborada, alaranjada, avermelhada.

Com todos os seus raios, seu poder e sua magia.
Foi acordando as pessoas daquele sonho longo de Lua, foi abrindo as gavetas, as roupas e as caras dos outros, foi trazendo sorriso e encanto; foi deixando para trás um outro tempo.
Expandiu-se.

Abraçou o céu.
Raiou.
(.....)


Era assim que a minha avó explicava para mim sobre aqueles dias nublados em que havia lua no céu.

Autora: Silvana Lima