segunda-feira, 24 de junho de 2013

A troca de palhaços


Era uma vez um jovem príncipe que saiu de seu reino à procura de esposa. Ele gostava de flores brancas.


- Quando encontrar uma jovem que se chame Branca Flor, eu me casarei com ela.

        Após percorrer meio mundo, encontrou pelo caminho um circo.
As duas filhas do palhaço eram as bailarinas.
Ambas eram lindas, e uma delas parecia uma flor. Chamava-se Branca Flor.




O príncipe, muito emocionado, foi procurar o palhaço para dizer que havia se apaixonado pela sua filha.

- Na verdade não é minha filha - disse o palhaço. Minha esposa e eu a encontramos pequenina num campo de margaridas brancas. Demos a ela o nome de Branca Flor e a adotamos como filha.





- Pois bem; quero me casar com ela, mas não pretendo separá-los - disse o príncipe. Todos vocês podem viver comigo no palácio.
Bastante felizes, puseram-se a caminho do reino daquele príncipe encantador.
Aconteceu que, durante a viagem, o palhaço sentiu inveja que a escolhida não tivesse sido sua própria filha.


Ao chegar a um bosque, deixou Branca Flor lá e, uma vez no palácio, apresentou sua filha como se fosse a outra.

- Não é tão bonita como quando a vi dançar - disse o jovem, um tanto decepcionado.

- É o cansaço da viagem, senhor - explicou o palhaço. Ela logo se recuperará e ficará bela como antes.
No dia seguinte, o príncipe estava em seu quarto do palácio, um pouco triste, quando de repente entrou pela janela uma pombinha branca que levava uma margarida no bico.
O jovem teve a impressão de que ela estava tentando lhe dizer alguma coisa.
O príncipe decidiu que deveria seguí-la.
E assim chegou a um bosque onde ouviu barulho de soluços. Ao aproximar-se descobriu sua querida Branca Flor ao pé de uma árvore, bastante assustada. Abraçou-a cheio de alegria e, em cima de um cavalo branco, levou-a para o palácio.

Celebrou-se o casamento dos dois alegres jovens e Branca Flor perdoou o palhaço, pois amáva-o como se fosse seu pai, e o mesmo fez com sua irmã. Esta se casou com um cavaleiro da corte e todos viveram felizes para sempre, como nos contos de fada.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A noz encantada



Maria, a linda filha do guarda-florestal, encontrou certo dia uma noz no meio do caminho.

- Estou vendo que você encontrou minha noz. Devolva-me - disse uma voz atrás dela. Aí dentro mora Shimmis, a fadinha que realiza desejos!


Maria virou-se e viu diante de si um ser pequeno e delicado.

 Pelo tamanho poderia ser uma criança mas, pela expressão de seu rosto, a menina compreendeu que se tratava de um duende.- Vamos, devolva esta noz ao seu dono, o Duende da Floresta - insistiu ele.
- Devolverei se você me disser quantas rugas tem a casca. Do contrário, vou ficar com ela, pois Shimmis irá comprar roupas e alimentos para os pobres, porque o inverno será muito rigoroso.
- Deixe-me pensar . . . ela tem mil cento e uma rugas!
Maria contou. O duende estava certo! Com lágrimas nos olhos, ela estendeu a noz.
- Guarde-a - disse então o duende. Sua generosidade me comoveu. Se você precisar de alguma coisa, peça à noz encantada.
Como num passe de mágica o duende desapareceu.
Misteriosamente, a noz encantada passou a procurar roupas e alimentos para todos os pobres da região. E como Maria nunca se separava dela, passaram a chamá-la de "a menina da noz encantada"
A bondade é sempre recompensada.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Perigo no mar


 

Raul, que era muito habilidoso, havia fabricado uma vara de pescar, à qual acrescentou um fio e, como isca, uma minhoca.

                                   
   


Estava confiante de que apanharia um peixe maravilhoso. Em seguida poderiam assá-lo, pois sabiam como fazer fogo, e assim teriam uma bela refeição.
Depois subiram no barco e remaram, afastando-se da ilha.
- Vou jogar a linha - disse Raul.
Estavam todos bastante ansiosos para ver o resultado daquela pescaria. De repente, o dono da vara puxou-a e tirou um belo peixe que se balançou, pendurado na boca.
- Viva! - gritaram todos.
Mas a alegria durou pouco, Naquele momento, viram a cabeça de um grande monstro marinho.
- É um tubarão! - gritou Pedro.
- E vem na nossa direção!



Raul teve uma idéia: atirar o belo peixe na cara do monstro. Enquanto isso, Jonas e Pedro remavam com todas as suas forças em direção à ilhota, pois momentos depois o tubarão vinha atrás deles.


Mas bem na hora, eles conseguiram chegar à terra são e salvos, com muita alegria.
- Só de pensar que tive que dar meu peixe àquele animal tão
antipático! - queixou-se Raul.
Jonas que era mais prudente, decidiu:
- Isto nos ensinou uma lição: não devemos nos afastar desta ilha, amigos.
Você Raul, deverá pescar perto da margem.
E naquele mesmo dia, apanharam um peixe que, depois de assado, comeram tudo até o fim.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O Aprendiz de Magia

 A mania de Simão
era ler quando podia,
até o que não devia:
contrariando seu patrão
leu um livro de magia.
Mas foi tanta a confusão,
que só quem gostar de ler
saberá a solução.



Era uma vez um rapaz muito inteligente que se chamava Simão. A coisa de que ele mais gostava e de que tinha verdadeira paixão era de ler livros. Um dia Simão se deu conta de que já tinha lido todos os livros que pudera encontrar no lugarejo onde morava. Ficou pensando em como resolver aquele problema. Acabou tendo a idéia de ir para a cidade mais próxima e procurar emprego numa livraria.

Despediu-se do pai e partiu.


Chegando na cidade vizinha, pos-se a andar pelas ruas até encontrar uma livraria. O proprietário era um tipo estranho com uma coruja no ombro. Mas para Simão a única coisa importante era poder trabalhar no meio dos livros, por isso indagou ao homem:
-O senhor me aceitaria como empregado na sua loja?
- Claro, rapaz. E, como vou lhe ensinar muitas coisas, chame-me de mestre.

  
No dia seguinte, quando Simão se apresentou para trabalhar, o dono da livraria lhe disse:
- Para começar você precisa apenas manter a ordem na loja: espanar os livros, os móveis, varrer o chão, enfim, fazer coisas muito simples.
- Sim, mestre, farei tudo direitinho. . . mas posso ler alguns livros quando terminar o meu trabalho?
- Que pedido estranho para um rapaz! - admirou-se o mestre. - Está bem, concordo. Pode ler tudo o que quiser. Mas terá que me prometer que por nenhum motivo, nem por nada no mundo, você vai mexer. . .
Simão respondeu bem depressa:
- Está bem, mestre, eu prometo.
- Que é isso? Você nem me deixou acabar de falar. Você pode ler todos os livros, menos aquele livrinho vermelho que está ali na prateleira de cima. Prometa-me isso e seremos sempre amigos.

Simão fez sua promessa de muita boa fé. De fato, durante todo o tempo em que o mestre esteve na loja, Simão nem olhou para o livrinho vermelho. Quando o mestre saiu, para ir cuidar de outros negócios, Simão sentiu uma vontade muito grande de ler o livro proibido, nem que fosse só um pouquinho.




E aquela vontade foi aumentando e tomando conta de seu pensamento, a tal ponto que ele não conseguia trabalhar direito.
Cada vez que Simão olhava o livrinho no alto da prateleira, pensava:
- Não há mal nenhum em dar uma espiadinha no que está escrito no livro.
Mas a consciência de Simão protestou:
- Simão! Simão! Eu sou sua consciência, não se esqueça em que prometeu não mexer naquele livrinho vermelho.
Mas a curiosidade também não ficou quieta:
- Eu sou a curiosidade e estou morrendo por saber o que está escrito lá.
Vamos, Simão, coragem, dê uma olhadinha só.
O pobre Simão não sabia o que fazer entre a vontade de obedecer à consciência e manter sua palavra e a intensidade com que a curiosidade tomava conta dele. Era como se as duas estivessem aos gritos:

- Seja obediente, Simão e cumpra a promessa!
- Não seja bobo, Simão! Pegue o livro, abra e leia!


Simão não aguentou mais. A curiosidade venceu. Pegou o livro e quando viu do que se tratava pos-se a cantar e pular:
" O Manual do Mágico Perfeito". . . Por acaso está escrito em árabe, ou então pertenceu, pelo jeito, a antigo e rico marajá,desses cuja língua ninguém sabe?
Poderei ser mágico, se ler estas fórmulas com atenção. Que sorte, agora tenho poder de transformar-me até num dragão; um, dois. . . três, olhem só o que verão!

Pulou e saltou de alegria até cair no chão. Que beleza! O livrinho continha a fórmula mágica para se transformar em animal, pessoa ou objeto. O patrão de Simão era um mago e o rapaz achava, agora, que podia se tornar muito poderoso.

Logo de cara Simão decidiu que queria ser um bicho que voasse. Assim voltaria para a casa do pai bem depressa, sem esquecer de levar no bico o livrinho mágico. Escolheu ser andorinha, que era um bicho que voava rápido. Subiu na beirada da janela, com o livro na boca e pronunciou as palavras mágicas:
- Enha anha onhe inha andorinha.

Num instante Simão sentiu os braços transformarem em asas. Virou uma andorinha, que sem largar o livrinho do bico, voou da beirada da janela em direção à casa do pai. Imaginem só o espanto do pai quando viu uma andorinha entrar pela porta e pousar em cima do banco e ali diante de seus olhos transformar-se em seu filho Simão.


Oi, papai! Está contente em me ver?
-Não estou entendendo nada, nem sei como você está aqui.
- Alegre-se papai, acabaram-se os dias tristes, voltei para torná-lo rico e feliz.
- Acho tudo isso muito bom. Mas me dê um pouco de tempo para pôr as idéias em ordem. Por falar nisso, como vamos ficar ricos?



Simão desceu do banco, abraçou o pai com muito carinho e indagou:
- O senhor gostaria de ser dono de um boi gordo para vender no mercado amanhã?
- Claro que gostaria, mas ninguém vai me dar um boi assim de presente.
- Pois aí é que está o segredo - explicou Simão.

- Amanhã eu faço uma mágica e me transformo num boi gordo.

O senhor me leva ao mercado e me vende. O boi terá um lacinho vermelho amarrado, na pata. Quando o senhor tiver feito o negócio, tire o lacinho da pata do boi e volte para casa. Mas muita atenção, papai, não vá esquecer o lacinho.
- Ora, Simão, que é isso? - respondeu o pai. - Se você é capaz de se transformar num boi gordo, eu também posso não esquecer o lacinho.

No dia seguinte o pai levou ao mercado um belíssimo boi. Logo apareceram vários compradores que examinaram o animal com atenção e concluíram que era mesmo saudável e estava em perfeitas condições. Um deles perguntou:
- Por quanto você vende este boi? - Por um saquinho de moedas de ouro, mas no preço não está incluído o lacinho vermelho que ele tem amarrado na pata.



Meia hora depois o pai estava de volta muito satisfeito, contando as moedas de ouro. Mas o coitado que tinha comprado o boi e pago tão bom preço por ele coçava a cabeça e não entendia como o boi podia ter desaparecido. Procurou o animal por toda parte e nem rastro do boi. Era como se o bicho tivesse desaparecido no ar. Enquanto isso Simão corria para casa.
Simão estaria muito contente se não fosse a consciência que cochichava no seu ouvido:
- O que você fez não é nada bonito, sabe como se chama? Roubo, furto, trapaça.
- Deixe de conversa, consciência, o que está feito está feito.
- Preste atenção, Simão, coisas assim se pagam mais cedo ou mais tarde.
Mas Simão estava chegando em casa e foi logo gritando para o pai:
- Que tal, papai, levarmos um cavalo para vender no mercado?

o dia seguinte o pai levou ao mercado um lindo cavalo branco e pos-se a anunciar:
- Quem quer comprar um cavalo? Vejam que animal forte e robusto!
- Deve comer muito!
De repente o cavalo começou a mostrar-se inquieto, embora o pai tentasse segurá-lo.
Isso acontecia porque Simão tinha visto seu patrão aproximando-se. Conforme o mago o olhava, mais o cavalo se mostrava assustado. Simão, sem saber o que fazer,  pensava:
- Nossa! É o mestre! Ele me reconheceu!

O mago aproximou-se do pai de Simão e disse:
- Esse cavalo me interessa.
O pai de Simão logo tentou fazer negócio.
- É um belo animal; se o comprar, vai ficar satisfeito.
Simão saltava para todos os lados, o que levou o pai a explicar:
- Hoje está um pouco nervoso, mas, de costume é dócil.
O mago, que estava interessado em Simão e não no cavalo, então indagou:
- Quanto quer por ele?
- Um saquinho de moedas.
- Fico com ele - disse o mago.
- Deixe-me tirar esse lacinho vermelho da pata.
- Pode deixar o lacinho na pata.
- Não está incluído no preço.
- Eu lhe dou dois saquinhos de dinheiro, mas deixe o lacinho na pata.
- Está bem, negócio fechado.

O pai de Simão tinha concordado porque achou que o filho saberia dar um jeito de voltar à forma humana. Mas estava enganado. Enquanto o cavalo tivesse o lacinho vermelho amarrado na pata, o rapaz não podia transformar-se. Sabendo disso, Simão tentou fugir de todo jeito, mas o mago o fez segurar por dois homens, que o levaram à força para o estábulo.
Banquei foi um desmiolado ao fazer tantas bobagens, querendo tirar vantagens acabei sendo o enganado.
Em um cavalo virado, relincho e não sou capaz de, outra vez transformado, voltar a ser um rapaz.
E se o mago me faz virar monstro, por magia? Não sei como se desfaz o que fiz por fantasia.


Simão estava arrependido de ter tentado engabar os outros e pensava:
- Se eu conseguir escapar daqui, nunca mais farei magia.
Foi ent~]ao que um menino entrou no estábulo para vir espiar o vavalo. Simão mostrou-se muito manso e o garoto, pedendo o medo, fez um agrado no pescoço do cavalo. Era a ocasião. Simão, batendo com a pata no chão, chamou a atenção para o lacinho vermelho: O garoto entendeu:
- Parece que o cavalo quer que eu tire essa fita da pata dele.
Tirou mesmo e ficou espantado com o que viu. O cavalo desapareceu e em seu lugar o menino só viu uma andorinha. O pássaro voou e foi embora.



Quando o mago ficou sabendo o que tinha acontecido, puxou a barba furioso. Depois se transformou num gavião e saiu voando em perseguição da andorinha. Simão se deu conta de que aquele gavião, que o perseguia, só podia ser o mago, mesmo porque o gavião estava de óculos. A andorinha fugiu o mais rápido possível, mas cada vez o gavião estava mais perto.

Tudo parecia perdido. Nesse instante Simão percebeu que estava voando sobre o jardim do palácio real, onde a princesa estava colhendo flores.

Teve uma idéia. Pronunciou as palavras mágicas para se tranformar, que tinha aprendido no livrinho secreto:
- Nil nol nul nal nel anel.

No mesmo instante se transformou num anel.
O anel caiu exatamente no colo da princesa, que o pegou admirada.

Depois de examinar o anelzinho, colocou-o no dedo.
O mago que vira tudo pensou:
- O rapaz arranjou um bom meio de escapar, mas isto não vai ficar assim.
Em seguida pronunciou as palavras mágicas para transformar-se:
Jivem jevem juvem javem jovem.
Foi dizer e acontecer. O mago se transformou em um jovem senhor. Mas como antes estava no ar, feito gavião e os jovens não tem asas, despencou lá das alturas. Conseguiu, com sua magia, controlar a queda e desceu sobre a grama com suavidade.
Foi assim que surgiu, vindo do céu, diante da princesa, que ficou olhando-o no maior espanto. Antes que a moça pudesse dizer qualquer coisa, o mago, com muita cortesia, resolveu dar uma explicação:
- Linda jovem, estou aqui para pedir-lhe o favor de devolver-me o anel que perdi quando me divertia em jogá-lo ao ar.
Embora a desculpa fosse fraca, a moça estava muito surpreendida com aquele homem que descera do céu. Por isso ia entregar o anel sem mais explicações.
Antes que a moça desse o anel ao mago, Simão resolveu transformar-se para poder escapar e disse:
Trão frão brão zrão grão.
    O anel no dedo da princesa tornou-se um grão, que o vento carregou para entre duas pedras.
O mago não perdeu tempo e foi logo pronunciando a fórmula mágica:
Elo ilo olo ulo alo galo.
No mesmo instante pos-se com o bico a procurar o grão no meio da relva. Queria comê-lo. Antes que o encontrasse, Simão exclamou:
- Ebo abo ibo ubo obo lobo.
O grão virou um enorme lobo e sem dar tempo ao mago para se transformar em qualquer outra coisa, o lobo liquidou o galo. Então Simão gritou:
- Ao uo ao io ao Eu.



E assim recuperou sua forma humana. Era outra vez um rapaz.



Mas Simão aproveitou a magia para aparecer com ricos trajes. Ajoelhou-se diante da princesa, dizendo:
- Agradeço de todo coração por ter-me salvo, pondo o anel em seu dedo.
Naquele mesmo instante em que se viram, os dois jovens se enamoraram. Simão pediu a princesa em casamento e a moça concordou.








Os dois noivos queimaram o livrinho mágico, pois não queriam mais saber de encantamentos. Casaram e viveram felizes.
Simão agora casado, não quer saber de magia, queimou o livro encantado. Continua sempre lendo estórias de fantasia ou livros educativos, pois tem muitos motivos pra temer a bruxaria.
Ludwig Bechstein