quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O Negrinho do Pastoreio



Naquele tempo os campos ainda eram abertos, não havia entre eles nem divisas nem cercas; somente nas volteadas se apanhava a gadaria chucra, e os veados e os avestruzes corriam sem empecilhos.
Era uma vez um estancieiro, que tinha uma ponta de surrões cheios de onças e meias doblas e mais muita prataria; porém era muito cauíla e muito mau, muito. Não dava pousada a ninguém, não emprestava um cavalo a um andante, no inverno o fogo de sua casa não fazia brasas; as geadas e o minuano podiam entangir gente, que a sua porta não se abria; no verão a sombra dos seus umbus só abrigava os cachorros; e ninguém de fora bebia água das suas cacimbas. Mas também quando tinha serviço na estância, ninguém vinha de vontade dar-lhe um ajutório; e a campeirada folheira não gostava de conchavar-se com ele, porque o homem só dava para comer um churrasco de tourito magro, farinha grossa e erva caúna e nem um naco de fumo... e tudo, debaixo de tanta somiticaria e choradeira, que parecia que era o seu próprio couro que ele estava lonqueando...
Só para três viventes ele olhava nos olhos: era para o filho, menino cargoso como uma mosca, para um baio cabos negros, que era o seu parelheiro de confiança, e para um escravo, pequeno ainda, muito bonitinho e preto como carvão e a quem todos chamavam somente o “Negrinho”. A este não deram padrinhos nem nome; por isso o Negrinho se dizia afilhado da Virgem, Senhora Nossa que é a madrinha de quem não a tem.
Todas as madrugadas o negrinho galopeava o parelheiro baio; depois conduzia os avios do
chimarrão e à tarde sofria os maus-tratos do menino, que o judiava e se ria.

Um dia, depois de muitas negaças, o estancieiro atou carreira com um seu vizinho. Este queria que a parada fosse para os pobres; o outro que não, que não!, que a parada devia ser do dono cavalo que ganhasse. E trataram: o tiro era trinta quadras, a parada, mil onças de ouro. No dia aprazado, na cancha da carreira havia gente como em festa de santo grande. Entre os dois parelheiros a gauchada não sabia decidir, tão perfeito era e bem lançado cada um dos animais. Do baio era a fama que quando corria, corria tanto, que o vento assobiava-lhe nas crinas; tanto, que só se ouvia o barulho mas não lhe viam as patas bateram no chão... E do mouro era voz que quanto mais cancha, mais agüente, e que desde a largada ele ia ser como um laço que se arrebenta. As parcerias abriram as guaiacas, e aí no mais já se apostavam aperos contra rebanhos e redomões contra lenços.
- Pelo baio! Luz e doble!...
- Pelo mouro! Doble e luz!...
Os corredores fizeram as suas partidas à vontade e depois as obrigadas; e quando foi na última, fizeram ambos a sua senha e se convidaram. E amagando o corpo, de rebenque no ar, largaram, os parelheiros meneando cascos, que parecia uma tormenta...
- Empate! Empate!, gritavam os aficionados ao longo da cancha por onde passava a parelha veloz, compassada como numa colhera.
- Valha-me a Virgem Madrinha, Nossa Senhora!, gemia o Negrinho. Se o sete léguas perde, o meu senhor me mata! Hip-hip-hip!...
E baixava o rebenque, cobrindo a marca do baio.
- Se o corta-vento ganhar é só para os pobres!... retrucava o outro corredor. Hip-hip!
E cerrava as esporas no mouro. Mas os fletes corriam, compassados como numa colhera.
Quando foi na última quadra, o mouro vinha arrematado e o baio vinha aos tirões... mas sempre juntos, sempre emparelhados. E a duas braças da raia, quase em cima do laço, o baio assentou de sopetão, pôs-se um pé e fez uma cara-volta, de modo que deu ao mouro tempo mais que preciso para passar, ganhando de luz aberta! E o Negrinho, de um pêlo, agarrou-se como um ginetaço.
- Foi mau jogo!, gritava o estancieiro.
- Mau jogo!, secundavam os outros da sua parceria.

A gauchada estava dividida no julgamento da carreira; mais de uma torena coçou o punho da adaga, mais de um desapresilhou a pistola, mais de um virou as esporas para o peito do pé... Mas o juiz, que era um velho do tempo da guerra de Sepé-Tiarayú, era um juiz macanudo, que já tinha visto muito mundo. Abanando a cabeça branca sentenciou, para todos ouvirem.
- Foi na lei! A carreira é de parada morta; perdeu o cavalo baio, ganhou o cavalo mouro. Quem perdeu, que pague. Eu perdi cem gateadas; quem as ganhou venha buscá-las. Foi na lei! Não havia o que alegar. Despeitado e furioso o estancieiro pagou a parada, à vista de todos atirando as mil onças de ouro sobre o poncho do seu contrário, estendido no chão.
E foi um alegrão por aqueles pagos, porque logo o ganhador mandou distribuir tambeiros e
leiteiras, covados de baeta e baguais e deu o resto, de mota, ao pobrerio. Depois as carreiras seguiram com os changueiritos que havia.
O estancieiro retirou-se para a sua casa e veio pensando, pensando, calado, em todo o caminho. A cara dele vinha lisa, mas o coração vinha corcoveando como touro de banhado laçado a emia espalda... O trompaço das mil onças tinha-lhe arrebentado a alma.
E conforme apeou-se, da mesma vereda mandou amarrar o Negrinho pelos pulsos a um palanque e dar-lhe, dar-lhe uma surra de relho.
Na madrugada saiu com ele e quando chegou no alto da coxilha falou assim: - Trinta quadras tinha a cancha da carreira que tu perdeste: trinta dias ficará aqui pastoreando a minha tropilha de trinta tordilhos negros...
“O baio fica de piquete na soga e tu ficarás de estaca!”
O Negrinho começou a chorar, enquanto os cavalos iam pasteando.
Veio o sol, veio o vento, veio a chuva, veio a noite. O negrinho, varado de fome e já sem forças nas mãos, enleiou a soga num pulso e deitou-se a um cupim.
Vieram então as corujas e fizeram roda, voando, paradas no ar e todas olhavam-no com os olhos reluzentes, amarelos na escuridão. E uma piou e todas piaram, como rindo-se dele, paradas no ar, sem barulho nas asas. O Negrinho tremia, de medo... porém de repente pensou na sua madrinha Nossa Senhora e sossegou e dormiu. E dormiu. Era já tarde da noite, iam passando as estrelas; o Cruzeiro apareceu, subiu e passou, passaram as Três Marias; a Estrela d’alva subiu... Então vieram os guaraxains ladrões e farejaram
o Negrinho e cortaram a guasca da soga. O baio sentiu-se solto, rufou a galope, e toda a tropilha com ele, escaramuçando no escuro e desguaritando-se nas canhadas.
O tropel acordou o Negrinho; os guaraxains fugiram, dando berros de escárnio. Os galos estavam cantando, mas nem o céu nem as barras do dia se enxergava: era a cerração que
tapava tudo.
E assim o Negrinho perdeu o pastoreio. E chorou.


O menino maleva foi lá e veio dizer ao pai que os cavalos não estavam. O estancieiro
mandou
outra vez amarrar o Negrinho pelos pulsos a um palanque e dar-lhe, dar-lhe uma surra de relho. E quando era já noite fechada ordenou-lhe que fosse campear o perdido. Rengueando, chorando e gemendo, o Negrinho pensou na sua madrinha Nossa Senhora e foi ao oratório da casa, tomou o cotoco de vela aceso em frente da imagem e saiu para o campo. Por coxilhas, canhadas, nas becas dos lagões, nos paradeiros e nas restingas, por onde o Negrinho ia passando, a vela benta ia pingando cera no chão; e de cada pingo nascia uma nova luz, e já eram tantas que clareavam tudo. O gado ficou deitado, os touros não escarvaram a terra e as manadas chucras não dispararam... Quando os galos estavam cantando, como na véspera, os cavalos relincharam todos juntos. O Negrinho montou no baio e tocou por diante a tropilha, até a coxilha que o seu senhor lhe marcara.
E assim o Negrinho achou o pastoreio. E se riu...
Gemendo, gemendo, gemendo, o Negrinho deitou-se encostado ao cupim e no mesmo instante apagaram-se as luzes todas; e sonhando com a virgem, sua madrinha, o Negrinho dormiu. E não apareceram nem as corujas agoureiras nem os guaraxains ladrões; porém pior do que os bichos maus, ao clarear o dia veio o menino, filho do estancieiro e enxotou os cavalos, que se dispersaram, disparando campo fora, retouçando e desguaritando-se nas canhadas. O tropel acordou o Negrinho e o menino maleva foi dizer ao seu pai que os cavalos não estavam lá...
E assim o Negrinho perdeu o pastoreio. E chorou...
O estancieiro mandou outra vez amarrar o Negrinho pelos pulsos a um palanque e dar-lhe, dar-lhe uma surra de relho... dar-lhe até ele não mais chorar nem bulir, com as carnes recortadas, o sangue vivo escorrendo do corpo... O Negrinho chamou pela Virgem sua madrinha e Senhora Nossa, deu um suspiro triste, que chorou no ar como uma música, e pareceu que morreu... E como já era noite e para não gastar a enxada em fazer uma cova, o estancieiro mandou atirar o corpo do Negrinho na panela de um formigueiro, que era para as formigas devorarem-lhe a carne e o sangue e os ossos... E assanhou bem as formigas; e quando elas raivosas, cobriram todo o corpo do Negrinho e começaram a trincá-lo, é que ele então se foi embora sem olhar para trás.
Nessa noite o estancieiro sonhou que ele era, ele mesmo, mil vezes e que tinha mil filhos
negrinhos, mil cavalos baios e mil vezes mil onças de ouro... e que tudo isto cabia folgado dentro de um formigueiro pequeno...

Caiu a serenada silenciosa e molhou os pastos, as asas dos pássaros e a casca das frutas.
Passou a noite de Deus e veio a manhã e o Sol encoberto. E três dias houve cerração forte, e três noites o estancieiro teve o mesmo sonho. A peonada bateu campo, porém ninguém achou a tropilha e nem o rastro. Então o senhor foi ao formigueiro, para ver o que restava do corpo do escravo. Qual não foi o seu grande espanto, quando, chegado perto, viu na boca do formigueiro o Negrinho de pé, com a pele lisa, perfeita, sacudindo de si as formigas que o cobriam ainda!...
O Negrinho, de pé, e ali ao lado, o cavalo baio, e ali junto a tropilha dos trinta tordilhos... e
fazendo-lhe frente, de guarda ao mesquinho, o estancieiro viu a madrinha dos que não a tem, viu a Virgem, Nossa Senhora, tão serena, pousada na terra, mas mostrando o céu... Quando tal viu, o senhor caiu de joelhos diante do escravo.
E o Negrinho, sarado e risinho, pulando de em pêlo e sem rédeas no baio, chupou o beiço e tocou a tropilha a galope.
E assim o Negrinho pela última vez achou o pastoreio. E não chorou, nem riu.
Correu no vizindário a nova do fadário e da triste morte do Negrinho devorado na panela do formigueiro. Porém logo, de perto e de longe, de todos os rumos do vento, começaram a vir notícias de um caso que parecia milagre novo...
E era, que os pastoreios e os andantes, os que dormiam sob palhas dos ranchos e os que dormiam na cama das macegas, os chasques que cortavam por atalhos e os tropeiros que vinham pelas estradas, mascates e carreteiros, todos davam notícia - da mesma hora - de ter visto passar, como levada em pastoreio, uma tropilha de tordilhos, tocada por um Negrinho, gineteando de em pêlo, em um cavalo baio!
Então, muitos acenderam velas e rezaram o Padre-Nosso pela alma do judiado. Daí por diante, quando qualquer cristão perdia uma coisa, o que fosse, pela noite velha o Negrinho campeava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o remiu e salvou e dera-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.
Todos os anos, durante três dias, o Negrinho desaparece: está metido em algum formigueiro grande, fazendo visitas às formigas, suas amigas; a sua tropilha esparrama-se; e um aqui, outro por lá, os seus cavalos retouçam nas manadas das estâncias. Mas ao nascer do sol do terceiro dia, o baio relincha perto do sei ginete; o Negrinho monta-o e vai fazer a sua recolhida; é quando nas estâncias acontece a disparada das cavalhadas e a gente olha, olha, e não vê ninguém, nem na ponta, nem na culatra.

Desde então e ainda hoje, conduzindo o seu pastoreio, o Negrinho, sarado e risonho, cruza os campos, corta os macegais, bandeia as restingas, desponta os banhados, vara os arroios, sobe as coxilhas e desce às canhadas.
O Negrinho anda sempre à procura dos objetos perdidos, pondo-os de jeito a serem achados pelos donos, quando estes acendem um coto de vela, cuja luz ele leva para o altar da Virgem, Nossa Senhora, madrinha dos que a não tem.
Quem perder suas prendas no campo, guarde uma esperança; junto de algum moirão ou sob as ramas das árvores, acenda uma vela para o Negrinho do pastoreio e vá lhe dizendo:
- Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi!...
Se ele não achar... ninguém mais.

O CALDEIREIRO


Um caldeireiro foi contratado para consertar um enorme sistema de caldeiras de um navio a vapor que não estava funcionando bem. Após escutar a descrição feita pelo engenheiro quanto aos problemas e de haver feito umas poucas perguntas, dirigiu-se à sala de máquinas. Olhou, durante alguns instantes, para o labirinto de tubos retorcidos. A seguir, pôs-se a escutar o ruído surdo das caldeiras e o silvo do vapor que escapava. Com as mãos apalpou alguns tubos. Depois, cantarolando suavemente só para si, procurou em seu avental alguma coisa e tirou de lá um pequeno martelo, com o qual bateu apenas uma vez em uma válvula vermelha. Imediatamente, o sistema inteiro começou a trabalhar com perfeição e o caldeireiro voltou para casa.


Quando o dono do navio recebeu uma conta de R$ 2.000,00 queixou-se de que o caldeireiro só havia ficado na sala de máquinas durante quinze minutos e solicitou uma conta pormenorizada.

Eis o que o caldeireiro lhe enviou:


Total ................: R$ 2.000,00
Martelada ..........: R$ 0,50
Saber aonde martelar ....: R$ 1.999,50

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

O Velho Pote Rachado


Um carregador de água, na Índia, levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço. Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do Senhor para quem o carregador trabalhava. O pote rachado sempre chegava com água apenas pela metade.


Foi assim por dois anos. Diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água na casa de seu Senhor. Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição. Sentia-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que lhe havia sido designado fazer.

Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote rachado, um dia, falou para o carregador à beira do poço: — Estou envergonhado. Quero lhe pedir desculpas.

— Por que? — perguntou o homem. — De que você está envergonhado?

— Nesses dois anos — disse o pote — eu fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho que leva à casa de seu Senhor. Por causa do meu defeito você não ganha o salário completo dos seus esforços.

O carregador ficou triste pela situação do velho pote, e, com compaixão, falou: — Quando retornarmos à casa do meu Senhor, quero que observes as flores ao longo do caminho.

De fato. À medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou muitas e belas flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu ânimo. Mas, no fim da estrada, o velho pote ainda se sentia mal, porque, mais uma vez, tinha vazado a metade da água, e, de novo, pediu desculpas ao carregador por sua falha.

O carregador, então, disse ao pote: — Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado do caminho? Notou ainda que a cada dia, enquanto voltávamos do poço, você as regava? Por dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu Senhor. Sem você ser do jeito que você é, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.

domingo, 28 de outubro de 2007

A Lebre e o Cão de Caça

Um Cão de caça, depois de obrigar uma Lebre a sair de sua toca, e depois de uma longa perseguição, de repente parou a caçada.

Um Pastor de Cabras vendo-o parar, ridicularizou-o dizendo:

Aquele pequeno animal é melhor corredor que você.

E o Cão de caça responde:

Você não vê a diferença que existe entre nós: Eu estava correndo apenas para conseguir um jantar, mas ele, corria por sua Vida.

Autor: Esopo

Moral da História:
O motivo pelo qual realizamos uma tarefa, é o que vai determinar sua qualidade final.

sábado, 27 de outubro de 2007

O Leão e os Tres Touros

Três touros, amigos desde longa data, pastavam juntos e tranquilos no campo.

Um Leão, escondido no mato, espreitava-os na esperança de fazer deles seu jantar, mas receava atacá-los enquanto estivessem em grupo.

Finalmente, por meio de ardilosas e traiçoeiras palavras, ele conseguiu criar entre eles a discórdia e separá-los.

Assim, tão logo eles pastavam sozinhos, atacou-os sem medo algum, e um após outro, foram devorados sempre que sentia fome.


Autor: Esopo

Moral da História: União é força.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A Lebre e a Tartaruga

Um dia, uma Lebre ridicularizou as pernas curtas e o passo lento da Tartaruga. A Tartaruga disse rindo: "Pensa você ser rápido como o vento; Mas Eu venceria você numa corrida."
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A Lebre, considerou sua afirmação algo impossível, e aceitou o desafio. Eles então concordaram que a Raposa escolheria o trajeto e o ponto de chegada.
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E no dia marcado, do ponto inicial eles partiram juntos. A Tartaruga, em momento algum parou de caminhar; com seu passo lento, mas firme, em direção à chegada.
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A Lebre, confiante de sua velocidade, despreocupada com a corrida, deitou à margem da estrada para um rápido cochilo. Ao despertar, correu o mais rápido que podia, e viu que a Tartaruga já cruzara a linha de chegada, e agora descansava traquila depois do esforço.
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Autor: Esopo

Moral da História:
Ao trabalhador que realiza seu trabalho com zelo e persistência, sempre o êxito será o seu quinhão.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A Mula

Uma mula, sempre folgada, pelo fato de não trabalhar e mesmo assim receber uma generosa quantidade de milho como ração, era orgulho só dentro do curral; se portava como se fosse o mais importante animal do grupo. Era pura vaidade e arrogância. Senhora de si, dizia a si mesmo:

Meu pai com certeza foi um valoroso e Belo Raça Pura. Me sinto orgulhosa por herdar toda sua graciosidade, resistência, espírito e beleza.

Pouco tempo depois, ao ser levada à uma longa jornada, como simples burro de carga, ao sentir-se muito cansada, exclama desconsolada:

Talvez tenha cometido um erro de avaliação. Meu pai, pode Ter sido apenas um simples Asno.

Autor: Esopo

Moral da História:
Ao desejar ser aquilo que não somos, estamos plantando em nós a semente da frustração.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

As Lebres e as Rãs

As lebres, animais discretos por natureza, se sentiam oprimidas com tamanha timidez. Como viviam a temer a tudo e a todos, o tempo todo, resolveram dar um fim às suas angústias.

Então, de comum acordo resolveram por fim às suas vidas, concluindo que com isso resolveriam todos os seus problemas. Combinaram que iriam pular do alto de um penhasco, para as águas profundas de um lago.

Assim correram todas de uma só vez para a beira do penhasco. Várias Rãs que repousavam à beixa do penhasco, ao escutarem o barulho das suas pisadas, tomadas pelo susto, fugiram pulando dentro dágua em busca de segurança.

Ao ver o desespero das Rãs em fuga, uma das Lebres disse à suas companheiras:

Não façam isso que estão pretendendo amigos. Sabemos agora que existem criaturas mais medrosas que nós.

Autor: Esopo

Moral da História: É uma ilusão e egoísmo, julgarmos que apenas nós temos problemas e que estes são os maiores do mundo.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

O Cego e o Filhote de Lobo

Um Cego de nascença possuia a habilidade de distinguir diferentes animais, apenas tocando-os com suas mãos.

Trouxeram-lhe então um filhote de Lobo, e colocando-o em seu colo, pediram que o apalpasse e depois dissesse que animal era.

Ele correu as mãos sobre o animal e estando em dúvida, disse:

Eu com certeza não sei se isto é o filhote de uma Raposa ou o filhote de um Lobo; mas de uma coisa eu tenho certeza, ele jamais seria bem vindo dentro de um curral de ovelhas.

Autor: Esopo

Moral da História:
As más tendências são mostradas já na primeira infância.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

O Carvalho e os Juncos

Um grande carvalho arrancado do chão pela força de forte ventania, foi arrastado rio abaixo pela correnteza. Levado pelas águas, ele cruza com alguns Juncos, e em tom de lamento diz:

Gostaria de ser como vocês, que de tão esguios e frágeis, não são de modo algum afetados por estes fortes ventos.

Eles responderam:

Você lutou e competiu com o vento, e conseqüentemente foi destruído. Nós ao contrário, nos curvamos diante do mais leve sopro de ar, e por esta razão permanecemos inteiros e a salvo.

Autor: Esopo

Moral da História:
Para vencer o mais forte, não devemos usar a força e sim a gentileza e a humildade.

domingo, 21 de outubro de 2007

O Galo e a Pedra Preciosa

Um Galo, que procurava no terreiro alimento para ele e suas galinhas, encontrou uma pedra preciosa de grande beleza e valor, e observando-a exclama:

Se ao invés de mim, teu dono tivesse te encontrado, ele decerto festejaria de tamanha alegria, e é quase certo que iria te adorar; no entanto eu te achei e de nada me serves. Antes preferiria ter achado um simples grão de milho, que todas as jóias do MUNDO!

Autor: Esopo

Moral da História:
A necessidade de cada um é o que determina o real valor das coisas.

sábado, 20 de outubro de 2007

O Filhote de Cervo e sua Mãe

Certa vez um jovem Cervo conversava com sua mãe:

Mãe você é maior que um Lobo, é também mais veloz e possui chifres poderosos para se defender, por que então você tem tanto medo deles?

A Mãe amargamente sorriu e disse:

Tudo que você falou é verdade meu filho, mesmo assim quando eu escuto um simples latido de Lobo, me sinto fraca e só penso em correr o mais que puder.

Autor: Esopo

Moral da História:
Para a maioria das pessoas é mais cômodo conviver com seus medos e fraquezas, mesmo sabendo que são capazes de superá-los.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O Galo de Briga e a Águia

Dois galos estavam disputando em feroz luta, o direito de comandar o galinheiro de uma chácara. Por fim um pôs o outro para correr.

O Galo derrotado afastou-se e foi se recolher num lugar sossegado.

O vencedor, voando até o alto de um muro, bateu as asas e exultante cantou com toda sua força.

Uma Águia que pairava ali perto, lançou-se sobre ele e com um bote certeiro levou-o preso em suas poderosas garras.

O Galo derrotado saiu do seu canto, e daí em diante reinou absoluto livre de concorrência.

Autor: Esopo

Moral da História:
O orgulho e a arrogância é o caminho mais curto para a ruína.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O Leão e o Ratinho!

Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado debaixo da sombra boa de uma árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou. Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu debaixo da pata. Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora. Algum tempo depois o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguindo se soltar, fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva. Nisso apareceu o ratinho, e com seus dentes afiados roeu as cordas e soltou o leão.


Moral: Uma boa ação ganha outra.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O Leão apaixonado

Um Leão, pediu a filha de um lenhador em casamento. O Pai, mesmo contrariado mas com medo do Leão, viu que podia se aproveitar da ocasião para livrar-se desse problema.

Ele disse que concordaria em tê-lo como genro, mas com uma condição; Este deveria deixar-lhe arancar suas unhas e dentes, pois sua filha tinha muito medo de ambos.

Feliz da vida o Leão concordou. Feito isso, ele tornou a fazer seu pedido, mas o lenhador, que já não mais o temia, pegou um cajado e expulsou-o de sua casa, mandando-o de volta para a floresta.

Autor: Esopo

Moral da História:
Para resolvermos um problema, devemos primeiro conhece-lo bem, depois poderemos enfrentá-lo.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A Mulher e a Galinha

Uma mulher possuía uma galinha, e esta todos os dias sem falta, botava um ovo.

Ela pensava consigo mesma, como poderia obter, ao invés de um, dois ovos por dia.

Assim, para atingir seu objetivo, decidiu alimentar a galinha com ração em dobro.

A partir daquele dia, a galinha tornou-se gorda e preguiçosa e nunca mais botou nenhum ovo.

Autor: Esopo

Moral da História:
O Ganancioso, cedo ou tarde, acaba por se tornar vítima de sua própria ganância.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

OBoi e a Rã

Um Boi indo beber água num charco pisou em uma ninhada de rãs e esmagou uma delas.

A mãe das Rãs veio, e, dando pela falta de um dos seus filhos, perguntou aos seus irmãos o que havia acontecido com ele.

- Ele foi morto mãe; ainda a pouco uma grande besta com quatro enormes pés veio à lagoa e pisou em cima dele com sua pata que era rachada no meio.

A mãe, se inflou toda e perguntou:

- A besta era maior do que estou agora?

- Pare mãe, pare de se inflar - Disse o seu filho - e não fique aborrecida por tentar, eu lhe asseguro, você explodiria antes que conseguisse imitar o tamanho daquele Monstro.

Autor: Esopo

Moral da História:
Muitas vezes, coisas insignificantes, nos desviam a atenção do verdadeiro problema.

domingo, 14 de outubro de 2007

As árvores e o Machado

Um homem foi à floresta e pediu as árvores que estas lhe doassem um cabo para o seu machado. O conselho das árvores concordou com o seu pedido e deu a ele uma jovem árvore para este fim.

Logo que o homem colocou o novo cabo no machado, começou furiosamente a usá-lo e em pouco tempo havia derrubado com seus potentes golpes, as maiores e mais nobres árvores da floresta.

Um velho Carvalho, lamenta quando a destruição dos seus companheiros já está bem adiantada, e diz a um Cedro seu vizinho:

O primeiro passo significou a perdição de todas nós. Tivéssemos respeitado os direitos daquela jovem árvore, ainda teríamos os nossos próprios e o direito de ficarmos de pé por muitos anos.

Autor: Esopo

Moral da História:
Quem menospreza ou discrimina seu semelhante, não deve se surpreender se um dia lhe fizerem a mesma coisa.

sábado, 13 de outubro de 2007

O Asno em pele de leão

Um Asno, tendo colocado sobre seu corpo uma pele de Leão, vagou pela floresta, e divertia-se com o pavor que provocava nos animais que ia encontrando pelo seu caminho.

Por fim encontrou uma Rapôsa, e tentou amedrontá-la também. Mas Rapôsa tão logo escuta o som de sua voz, exclama:

Eu provávelmente teria me assustado, se antes não tivesse escutado seu zurro.

Autor: Esopo

Moral da História:
Um tolo pode se esconder com belas roupas, mas suas palavras dirão a todos quem na verdade é.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

"Grande Homem é aquele que não perdeu o Coração de Criança."


Todo mundo carrega dentro de si uma criança.
E todo mundo aprende a reprimi-la para ser adulto.
Crescemos e "temos" que ser sérios.
Quantas vezes você já não ouviu alguém dizer: "deixe de criancice!"?
E desde quando precisamos deixar de ser crianças?
Ria de você mesmo, seja "ridículo",
brinque na chuva, de fazer castelos na areia, de fazer castelos no ar...
sonhe, faça bagunça no meio da rua, cante na hora que der vontade, converse com você mesmo como se tivesse conversando com um amiguinho,assista desenho animado e veja a sua vida como se ela fosse um desenho animado, brinque com uma criança... como uma criança...
fique feliz simplesmente por ficar, sorria e ria sem motivo, ria de você, dos seus dramas, do ridículo das situações...
E acredite na pureza do ser humano...
na pureza de criança que talvez esteja escondida, as que existe em cada um de nós.
Para alguns você vai parecer louco, bobo ou infantil...
mostre a língua para esses "alguns" e diga, como uma criança: "sou bobo mas sou feliz!"
Esses "alguns" com certeza têm uma criança maluquinha, doida pra fazer bagunça também.
A vida já é muito complicada para vivermos sérios e carrancudos.
E isso tudo não é deixar de viver com seriedade...
é viver com a leveza de uma criança e obrigações de adulto.
Fica muito mais fácil viver assim.

Então, coloque uma panela na cabeça e solte o menino(a) maluquinho(a) que existe dentro de você!
Só não vale subir no muro e achar que sabe voar, né?


Feliz Dia das Crianças!
Que Nossa Senhora da Aparecida e seu Anjo da Guarda, estejam sempre presente,
protegendo de todos os males dessa vida.
Um beijo, um abraço e um aperto de mão...
com todo meu carinho....

Visconde de Sabugosa

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O Macaco e o Golfinho

Quando as pessoas fazem uma viagem, muitas vezes levam seus cachorrinhos ou macaquinhos de estimação para ajudar a passar o tempo. Assim, um homem que voltava do Oriente para Atenas andava pelo navio levando um macaquinho de estimação. Quando estava próximo do litoral da Ática o navio foi atingido por uma grande tempestade e acabou virando. Todas as pessoas que estavam a bordo foram parar na água e começaram a nadar para tentar salvar a vida. O macaco também. Um golfinho viu o macaco e imaginou que fosse um homem; pôs o macaco nas costas e começou a nadar para a praia. Quando os dois iam chegando ao Pireu, que é o porto de Atenas, o golfinho perguntou ao macaco se ele era ateniense. O macaco respondeu que sim, e disse ainda que sua família era muito importante.

-Bom, nesse caso você conhece o Pireu – continuou o golfinho.

O macaco achou que o golfinho estava se referindo a alguma autoridade e respondeu:

-Claro, claro, somos muito amigos.

Ouvindo aquilo, o golfinho viu que estava sendo enganado. Aborrecido, mergulhou para o fundo do mar e em pouco tempo o pobre macaco se afogou.

Moral: certas pessoas, ignorantes da verdade, acham que podem fazer os outros engolir qualquer mentira.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O Cachorro e sua Sombra

Um cachorro com um pedaço de carne roubada na boca estava atravessando um rio a caminho de casa quando viu sua sombra refletida na água.

Pensando que estava vendo outro cachorro com outro pedaço de carne, ele abocanhou o reflexo para se apropriar da outra carne, mas quando abriu a boca deixou cair no rio o pedaço que já era dele.

Moral: a cobiça não leva a nada.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A Formiga e a Pomba

Uma formiga foi à margem do rio para beber água e, sendo arrastada pela forte correnteza, estava prestes a se afogar.

Uma pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha e a deixou cair na correnteza perto dela. A formiga subiu na folha e flutuou em segurança até a margem.

Pouco tempo depois, um caçador de pássaros veio por baixo da árvore e se preparava para colocar varas com visgo perto da pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.

A formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha e, isso deu chance para que a pomba voasse para longe a salvo.


Esopo


Quem é grato de coração sempre encontrará oportunidades para mostrar sua gratidão.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A Sabe Tudo

Sabe-tudo era o apelido pelo qual todos os habitantes do bosque conheciam a tartaruga. Quem tivesse algum problema a resolver ou dúvida para esclarecer era só ir à casinha da Sabe-tudo, para ver seu caso resolvido.

Para dizer a verdade, a tartaruga passava as suas horas livres consultando livros e enciclopédias. Interessava-se por todos os temas existentes e por existir. Que curiosidade insaciável tinha ela!

- Desculpe-me, tartaruga, mas eu estava interessada em conhecer a ilha de Ceilão e... Diz timidamente a raposa.

- ... E não consegue encontrar a resposta, não é verdade? Bem, não se preocupe que já lhe explico, querida amiga, responde a tartaruga, com sua tradicional amabilidade. Vejamos. A ilha de Ceilão está situada no Oceano Índico, ao sul da Península Indostânica ou da atual Índia. Esclarecida a dúvida?

- Oh, obrigada, obrigada, Sabe... Quer dizer, amiga tartaruga! Responde embaraçada a raposa.

A Sabe-tudo sorri compreensiva. É claro que conhece a alcunha que os seus vizinhos lhe puseram. Isso não a incomoda, pois adivinha o sentimento de admiração que se esconde por trás dela.

Os anos passam e os conhecimentos da tartaruga tornam-se imensos, a tal ponto que ela começa a tornar-se exigente e crítica com os seus vizinhos. Com mania de perfeição, torna insuportável a vida dos outros. De uma amiga brilhante e admirada por todos converte-se em uma criatura amarga e insatisfeita que, além disso, recebe a hostilidade de quem a rodeia.

A modéstia é uma virtude muito necessária, sobretudo para aqueles superdotados, que se destacam pelo seu próprio brilho. Sem a modéstia, o conhecimento é inútil, pois não será repartido com os outros que o têm em menor quantidade.

domingo, 7 de outubro de 2007

O Piano e as teclas



A sala era muito grande, toda circundada pelas janelas altas, com vidros coloridos.Quando o sol batia ali parecia que um grande arco íris estava dentro da sala. Era ali, que estava o imenso piano. De cor preta com imensa cauda brilhando sempre. O banquinho que sempre o acompanhava era da mesma cor, preto brilhante e com o estofado vermelho. Orgulhava-se de acompanhar o piano seu grande senhor. Por cima deste não havia nada.Não colocavam vasos nem porta retratos que era para não arranhar o móvel tão maravilhoso. E o som que dali saia então, era divino. Mas com tudo isto o piano estava triste. O som já não era o mesmo. O que estaria acontecendo?

O banquinho andava meio nervoso, pois percebendo toda esta tristeza não podia fazer nada. Ah, pensou, vou perguntar direto para ele. Assim o fez.
- Diga-me senhor piano o que está acontecendo? Sinto sua tristeza seu som não está igual.
- É, meu amigo, as coisas não vão bem.
- Por quê? Posso saber ou ajudar?
- Agradeço a atenção, banquinho, mas já falei até com o pedal que lá debaixo vê tudo. Até as cordas já me perguntaram o que estaria acontecendo. Sei o que é mas duvido que eu consiga resolver.
- Diga-me então, quem sabe posso ajudar.
- São as teclas, meu caro. Estão brigando entre elas por causa da flanelinha. Não querem mais a flanelinha encima delas o tempo todo. Assim sendo ficam irritadas e não prestam atenção no serviço. Não tenho culpa já disse a elas, mas está difícil. Estão misturando tudo, até as teclinhas pretas entraram no joguinho delas.
- Ah, sr Piano, e agora o que vai fazer?
- Não sei, estou pensando ainda para ver se resolvo o caso.
Passaram-se alguns dias e a situação era a mesma.
Foi então que na sala apareceu o espanador. Grande com seus penachos tirando o pó de tudo.
- Pronto está aí a solução, vou pedir para que ele ajude as teclas, poderemos então retirar a flanelinha.
E assim foi feito. Estavam livres sem a flanelinha agora, já podiam trabalhar. Mas no cantinho da sala a flanelinha toda sentida chorava o lugar que havia perdido. Com que carinho cobrira as teclas por muitos anos, e agora não servia para mais nada. Foi então que alguém ali na sala disse:
- Puxa, que maravilha era a flanelinha que eu estava procurando! Gosto de ter uma sempre no meu carro e esta é ótima!
E lá se foi a flanelinha toda contente, pois iria ser útil novamente. É amiguinho, precisamos tomar cuidado para não fazermos trocas desnecessárias, magoando até quem nos ajudou por muito tempo. Mas pensando bem sempre há alguém que precisa do que descartamos. É sempre melhor dar do que jogar fora.
Ah, as teclas se arrependeram, pois o espanador era meio brusco e muitas vezes arranhava as pobrezinhas que já sentiam falta da flanelinha sempre macia e delicada.

Portanto preste muita atenção numa possível troca, quando estamos muito bem e procuramos novidades às vezes mais tarde reconhecemos que tínhamos o melhor.

Marlene B. Cerviglieri

sábado, 6 de outubro de 2007

O Burro e seu Condutor

Um burro que estava sendo conduzido por uma estrada conseguiu se soltar de seu condutor e saiu correndo o mais depressa que pôde, na direção de um precipício. Já ia caindo quando seu condutor chegou correndo e conseguiu segurar seu rabo. Começou a puxar o burro pelo rabo com toda a força, tentando levar o animal para um lugar seguro. O burro, porém, aborrecido com a interferência, fazia força na direção oposta, e o homem acabou sendo obrigado a largá-lo.

- Bom, Jack – disse o condutor -, se você quer dar as ordens, não posso impedi-lo.

Moral: Os animais teimosos devem seguir seus caminhos.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O pescador flautista

Um pescador que gostava mais de música que das redes começou a tocar flauta quando viu peixes no mar. Achava que ouvindo aquilo os peixes iam pular para a praia. Vendo que eles continuavam dentro da água, o pescador pegou uma rede e apanhou um belo cardume, que arrastou para terra. Quando viu os peixes pulando e batendo a cauda na areia ele sorriu e disse:

- Como vocês não quiseram dançar ao som da minha flauta, também não vou permitir que dancem agora!

Moral: Fazer a coisa certa na hora certa é uma grande arte.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O cachorro na manjedoura

Um cachorro estava dormindo em uma manjedoura cheia de feno. Quando os bois chegaram, cansados e com fome depois de um dia inteiro de trabalho no campo, o cachorro acordou. Acordou, mas não queria deixar que os bois se aproximassem da manjedoura e começou a rosnar e tentar morder seus focinhos, como se a manjedoura estivesse cheia de carne e ossos e essas delícias fossem só dele. Os bois olharam para o cachorro muito aborrecidos.

- Que egoísta! – disse um deles. – Ele nem gosta de comer feno! E nós, que comemos, e que estamos com tanta fome, ele não nos deixa chegar perto!

Nisso apareceu o fazendeiro. Ao ver o que o cachorro estava fazendo, pegou um pau e enxotou o cachorro do estábulo a pauladas por ser tão malcriado.

Moral: Não prive os outros do que não pode desfrutar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O Cão Raivoso

Um cachorro costumava atacar de surpresa, e morder os calcanhares de quem encontrasse pela frente.

Então, seu dono pendurou um sino em seu pescoço, pois assim podia alertar as pessoas de sua presença, onde quer que estivesse.

O cachorro cresceu orgulhoso, e vaidoso do seu sino, caminhava tilintando-o pela rua.

Um velho cão de caça então lhe disse:

Por quê você se exibe tanto? Este sino que carrega, acredite, não é nenhuma honraria, mas antes disso, uma marca de desonra, um aviso público para que todas as pessoas o evitem por ser perigoso.


Autor: Esopo

Moral da História:
Engana-se quem pensa que ser notório é ser honrado.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

O Lobo e a ovelha

Um lobo, muito ferido por mordidas de cachorros, repousava doente e muito machucado em sua toca.
Como estava com fome, ele chamou uma ovelha que ia passando por perto, e pediu-lhe para trazer um pouco da água de um regato que corria ao lado dela.
Assim, - falou o lobo - se você me trouxer água, eu ficarei em condições de conseguir meu próprio alimento.
Claro, - respondeu a ovelha - se eu levar água para você, sem dúvida eu serei parte desse alimento.


Autor: Esopo

Moral da História:
As palavras de um hipócrita são fáceis de reconhecer.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A Reunião Geral dos Ratos

Uma vez os ratos, que viviam com medo de um gato, resolveram fazer uma reunião para encontrar um jeito de acabar com aquele eterno transtorno. Muitos planos foram discutidos e abandonados. No fim um rato jovem levantou-se e deu a idéia de pendurar uma sineta no pescoço do gato; assim, sempre que o gato chegasse perto eles ouviriam a sineta e poderiam fugir correndo. Todo mundo bateu palmas: o problema estava resolvido. Vendo aquilo, um rato velho que tinha ficado o tempo todo calado levantou-se de seu canto. O rato falou que o plano era muito inteligente, que com toda certeza as preocupações deles tinham chegado ao fim. Só faltava uma coisa: quem ia pendurar a sineta no pescoço do gato?

Moral: Inventar é uma coisa, fazer é outra.