
- Você não se incomoda com tanto barulho - disse-lhe um dia o sabiá num papo com ela. - Não – respondeu -, eu até gosto e muito, pois sempre tenho amigos em volta.
- Sabe - disse o sabiá -, não te incomoda também toda esta folha em volta de você?
- Ora seu sabiá, isto é um presente que recebi.
- Presente! De quem?
- Da Mãe natureza. Respondeu a árvore.
- É uma proteção que tenho. Por isso que te chamam de árvore crespinha?
- É sim.
O sabiá achava feias as folhinhas parecia uma coisa maluca - pensou.
Passados alguns dias estavam todos fazendo suas tarefas no parque.
Os pássaros procuravam ajudar as mamães na formação dos ninhos, e todos buscavam gravetinhos. Também frutinhas das quais se alimentavam. Tomavam seus banhos e brincavam saltando de um lado para outro. Mas eis que começou a se formar uma nuvem grande e escura. Estava carregada e logo iria despejar toda água no parque.
Voavam todos para seus ninhos suas casinhas a fim de se abrigarem da chuva que já vinha chegando. E ai começou a cair muita água e até pedrinhas que chamamos de granizo. É muito bonito de se ver, mas estas pedrinhas, granizo machucam as plantas e, conforme o tamanho, quebram até telhados. Por uma meia hora foi uma tempestade bem forte. Quando passou havia um silêncio no parque.
Hora de se ver os estragos. Quanta plantinha não resistiu, e muitos filhotinhos caíram do ninho e estavam mortos no chão.
Que tristeza de se ver. E dna árvore crespinha, como estaria?
Voando depressa lá foi o sabiá ver a situação.
Como sempre ela estava sorrindo e suas folhinhas estavam grudadas no tronco, como a dizer daqui ninguém me arranca.
- Olá dna crespinha como esta a senhora - disse o sabiá.
- Estou muito bem senhor sabiá. Todas minhas folhinhas estão limpas, mas o melhor foi que os meus moradores estão todos bem.
- É mesmo?
- Sim na hora da chuva pedi que viessem se abrigar no meio das folhinhas enrolando seus filhotinhos e assim o vento não os derrubou. Agora podem voltar para seus ninhos. E o senhor, sabiá, como está?
- Ora, estou bem.
- E sua família?
- Não sei eu voei para me proteger e nem pensei em mais nada.
- Senhor sabiá que coisa feia de se dizer! Não devemos pensar só em nós.Os demais, mesmo não sendo de nossa família, merecem atenção também. Hoje o sr conseguiu se salvar e está bem, e amanhã? Sempre precisamos um do outro. É tão bom poder ajudar.
E lá no alto da árvore os pássaros cantavam felizes novamente. Tudo é tão passageiro, passa depressa. Não acontece novamente da mesma forma, vamos fazer agora pois amanhã poderá não ter mais volta. E ali ficou a arvore crespinha sempre alegre e feliz conversando com quem quisesse falar com ela.
Não havia no parque árvore mais feliz.
- E você já disse e pensou alguma coisa boa hoje? De minha parte um abraço e um grande beijo em teu coração.
Marlene B. Cerviglieri