quinta-feira, 10 de abril de 2008

A ÁRVORE DEITADA



Ali no meio do parque estava a arvore deitada. Seu tronco era imenso e seus galhos pareciam ganchos esparramados ao seu redor. Mesmo assim despertava um fascínio em todos os que por ali passavam. Ninguém sabia, no entanto, que aquela mesma árvore, de mais de cem anos, tinha sido um dia frondosa cheia de folhas e de muita sombra. Sofreu por muito tempo ali deitada, não deixando transparecer que estava muito triste.

- Sou uma árvore careca. Pensava.

Realmente não tinha mais nenhuma folha em seus galhos. No dia que foi derrubada pela ventania muito forte, mas muito forte mesmo, perdeu toda as suas folhas. Ali deitada com a raiz a mostra permanecia como que calada esperando que algo mais acontecesse.

- Que será de mim agora? - pensava quietinha deitada no chão. Os pássaros não vão mais querer fazer os seus ninhos, não há mais segurança, pois estou toda sem folhas.

Quanto mais pensava mais triste ia ficando. Daí que uma manhã surgiu no parque um bando de meninos e meninas vindos de uma escola, para lá passarem algumas horas. Normalmente isto sempre acontecia. Porém naquele dia aconteceu um fato muito bonito. Interessante como diria minha professora.

As crianças depois de andarem em todos os brinquedos existentes, e de fazerem muito barulho estavam cansados demais. Que fazer? Os bancos eram de cimento e duros. Surgiu então a grande idéia.

- Veja - disse um deles - ali está uma enorme árvore!

- E deitada. - disse o outro. Parece uma cama enorme, vamos até lá.

Assim sendo subiram com facilidade na arvore deitada. Encaixaram-se tão bem em seus galhos, e lá descansaram. Quando voltaram para a escola tiveram que relatar o passeio. É claro que o assunto imediato foi a árvore deitada. Como falaram tanto dela a outra classe pediu também para ir vê-la.

Hoje a árvore deitada é procurada por muitos jovens que se sentem bem a vontade para subir nela, sentar lá em cima e descansarem. Às vezes pensamos que tudo está perdido, não terá mais solução. Engano nosso, para tudo tem jeito, é uma questão de sabermos esperar e ter paciência. Os fatos mudam nada é para sempre.

Do medo de ir para a fogueira que tinha a árvore, pois achava que não servia para mais nada. Tornou-se o lugar mais procurado do parque. Quando estiveres achando que nada mais vai dar certo, espere e verás que o conserto logo virá. Existem mil formas de ser, não necessariamente precisam ser sempre as mesmas. O difícil é aceitar as diferentes, pois as conhecidas são fáceis. No tombo mesmo permanecendo deitado, existe a transformação. Sejamos como a árvore e pensemos positivo para enfim podermos ajudar e sermos ajudados.


Marlene B. Cerviglieri