quarta-feira, 11 de março de 2009

Metanorfose

E lá estava ela, naquele início de primavera, no galho da velha amoreira.

Estava triste a pobrezinha e dizia ao grande mago da floresta o quanto se sentia infeliz pelo fato de não ter amigos porque todos tinham vergonha de sua aparência rastejante.

Ela era diferente sim, sabia, mas tinha lá suas qualidades. Tinha um bom coração que, embora pequenininho sabia muito bem amar a todas as criaturas e fazer o bem.

Gostava de ajudar mas como ninguém lhe queria por perto, não se sentia útil, afinal, a quem ajudaria se todos a desprezavam?

O velho mago então, sábio como sempre, começou a falar-lhe do quanto era bela em suas virtudes, explicou-lhe sobre as diferenças que há entre todos os seres, inclusive nos seres da mesma espécie e que são estas diferenças que faz do mundo um lugar assim tão maravilhoso.

E como era muito sábio o mago, conhecia a importância do respeito a essas diferenças, por isso todas as criaturas o tinham como amigo e sempre o procuravam e o ouviam seguindo seus conselhos e aprendendo muito com ele.

Ouvindo tanta coisa bonita sobre si, sobre a vida e sobre o mundo, adormeceu sorrindo e sonhou um mundo colorido e feliz, onde todas as criaturas sorriam e viviam juntas, ajudando umas as outras.

Um mundo onde as diferenças eram vistas como qualidades e fazia de cada criatura um ser inédito e importante, digno de toda admiração. Era um mundo de paz esse de seu sonho e do respeito às diferenças, nascia a amizade e solidariedade tornando-se assim um bem comum.

O mago percebendo a fragilidade daquele corpinho que dormia desprotegido, fez crescer a sua volta um casulo que serviria para protegê-la de predadores.

Espreguiçou-se feliz, que sonho maravilhoso tinha tido... Ainda pensando em seu sonho começou a perceber que algo havia mudado.

Percebeu que seu corpo não estava mais rente ao galho onde adormecera, observou devagar e viu que no lugar da lagarta feia e desprezada que ali adormeceu, despertou uma linda borboleta que podia agora ser vista colorindo a velha amoreira e alçando seu primeiro vôo mesclando suas cores ao azul intenso do céu.

Bem, quanto ao velho e sábio mago, nunca ninguém o via se retirar, esse era seu grande mistério, como é que ele saia dos lugares?

Aparecia e sumia sem ninguém jamais ver... Em seu lugar só podia ver agora o céu bem azul e no meio desse azul todo, um pequeno arco-íris que indicava a direção do amor.

Autoria de Aisha

27/09/2008

Publicado no Recanto das Letras em 26/09/2008

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