sábado, 7 de março de 2009

UMA VIDA IGUAL A TANTAS OUTRAS



Naquele quintal existia uma macieira que não era alcoólica. Em dias de sol, proporcionava sempre uma esplendida sombra, onde se protegiam dos incómodos raios mortíferos, todos os animaizinhos de estimação sempre atentos às quedas mortíferas da macieira, desfrutando duma tarde agradável nos dias incendiários de verão.



Contornando o belo quintal, lá estava a casa do Miguel, um menino bastante evoluído para os seus tenros 8 anos de idade que estudava Direito. Direito por linhas tortas ...



Mas o Miguel além de ser um menino prodígio, era também muito torcido. É claro, todos os dias a mãe lhe torcia as orelhas. As orelhas, os braços, o nariz, a .... adiante. Todas as manhãs, o Miguel lá ia correndo praticar ginástica matinal para o quintal “até rima e é verdade “. Corria com tanta energia, ao ponto de todos os animais, em debandada enlouquecida, se abrigarem nos recantos mais escondidos daquele quintal encantado. Começava por vergar árvores de porte (treino obrigatório), subir e descer a macieira em 30 segundos, partir pedras à mão e outras tantas marotices para conservar a sua invejável capacidade atlética “ não esqueçamos que o menino Miguel não era um menino igual aos outros “. Seguidamente, após cinco minutos, ia para a Explicadora que lhe dava lições de Sobrevivência Aplicada, sem a qual o Miguel não era ninguém neste mundo selvagem.



Um dia, ao fim da tarde quase à noite, o inesperado aconteceu. O Miguel caiu de cama com uma terrível Gripe-galopante, tão galopante, tão galopante que não conseguia manter-se sossegado na cama. Sua mãe dava-lhe chás de ”raízes fenómenas”, existentes apenas no quintal de sua casa. O efeito foi imediato, o verde voltou às suas faces, os músculos recompuseram-se e voltou a ficar forte como anteriormente.
O menino Miguel ficou tão radiante, tão contentinho que correu logo para o quintal (o seu “pequeno” refúgio) e arrancou pela raiz todas as árvores caducas. Aquela brincadeira abriu-lhe de tal forma o apetite que matou logo uma vaca à estalada, deliciando-se em seguida com tamanho suculento manjar, nem os ossinhos escaparam e um que sobrou, foi para palitar o seu tenro dente do ciso.



E era mais ou menos assim que o doce Miguel passava os seus dias na sua linda casinha que ocupava 1.950 hectares, fora o quintal de 2.003.Toda a gente o respeitava, pudera, sem falar nos animaizinhos de estimação que o temiam e tremiam ao ponto de abrirem crateras no quintal (terrenos lunáticos), imediatamente aproveitadas para semear melões.


Miguel, uma vida igual a muitas outras vidas daquele planeta anelar: Saturno!