Era uma vez uma pata que vivia nas matas do Botucaraí, um morro alto do Rio Grande do Sul. Neste tempo em que a pata vivia no morro Botucaraí os animais falavam e se visitavam, tal qual as pessoas nos dias de hoje.
A pata escolheu uma árvore alta do Botucaraí para construir o seu ninho e lá pôs três ovos dos quais nasceram três lindos patinhos.
Mas nas matas, assim como nas cidades também tem gente má e gente boa. Chegou-se o leão julgando-se o tal e disse com voz cavernosa: -Pata, ô pata, dá-me um patinho para eu comer, caso contrário subo na arvore e como todos os teus patinhos.
A pata chorou, implorou, mas como o leão era o rei da floresta e estava ameaçando de tomar todos os patinhos, resolveu entregar ao leão um dos seus patinhos. E ficou a pata a chorar e se lamentar pelo ocorrido.
Naquelas matas do Botucaraí vivia uma amiga da pata, presidente da associação de moradores das matas, era a senhora Saracura. Esta senhora saracura costumava visitar todos os vizinhos. E naquela tarde foi visitar a Pata. Ouviu a história da pata e disse: - Senhora Pata, tu estás enganada. O leão é rei, mas não tem autoridade para mandar em tua família, e ainda, leões não sobem em árvores finas e altas como esta em que fizeste teu ninho. Podes ficar tranquila, em breve ele voltará, pois a maldade nunca se satisfaz. Mande-o subir e verás.
Dito e feito. No outro dia pela manhã estava lá o leão rugindo:
Pata, ô pata dá-me um patinho caso contrário subo aí e como tudo.
A pata desta vez bem orientada ficou em silencio e ignorou os rugidos agressivos do péssimo rei. O leão após rugir muito ficou já quase rouco resolveu tentar subir na árvore. Após algumas investidas caiu batendo a cabeça.
Ficou no chão por horas desmaiado e a pata pode voar até a casa do leão e ainda encontrar o seu patinho vivo, retornando com ele a sua árvore. Nas matas do Botucaraí se aprendeu que não se pode confiar nos reis mas sim na força da amizade.
História de Sadi Porto
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