domingo, 14 de junho de 2009

Rapunzel

Era um dia muito lindo, o sol redondo no céu, parecia estar sorrindo, menos para Rapunzel. Os passarinhos cantavam, abelhas colhiam mel, felizes todos estavam, todos, menos Rapunzel. Quem era? Não disse ainda? Esqueci-me com certeza! Rapunzel era a mais linda das moças da redondeza. Pele rosada, fresquinha, olhar meigo das crianças! A cabeleira lourinha, formava compridas tranças. Mas era triste o seu rosto e seu cantar mais ainda. Pois revelava um desgosto, nessa canção muito linda:

- Vivo triste, nessa torre, onde a bruxa me prendeu! Todo mundo, vive alegre, todo mundo menos eu, vivo triste nessa torre, onde a bruxa me trancou, esperando, esperando, por quem nunca mais voltou!

Eu continuo esperando, o príncipe da floresta, que ao longe vi cavalgando, num lindo dia de festa. E acho que me avistou, nessa torre onde estou presa. Porém, nunca mais voltou. Eu vivo nesta incerteza.

O príncipe realmente vira a moça na janela, e estava precisamente tentando falar com ela:

- Em meu cavalo ligeiro, pregado encima da cela, eu procuro o dia inteiro, a moça que vi na janela, naquela torre comprida, sem porta, sem escada, sem entrada nem saída, sem saída nem entrada.

- Agora estou me lembrando, é a torre da bruxa má! E já foram me avisando, ninguém se atreva a ir lá!

- Mas o que é isso! Passarinhos, em volta do meu chapéu e cantando afinadinhos, a canção que vem do céu!

Príncipe! Príncipe! Siga o rio para o norte! Príncipe! Príncipe! Você vai ter muita sorte! Príncipe! Príncipe! Vai ligeiro em seu corcel!Príncipe! Príncipe! O nome dela é Rapunzel!

- Obrigado, passarinhos! Estou rindo de contente. Como é bom ter amiguinhos, que queiram ajudar a gente!

Assim, andou mais um dia, sempre no caminho certo. Até que ouviu com alegria, uma voz cantando perto.

" Vivo triste, nessa torre, onde a bruxa me prendeu! Todo mundo, vive alegre, todo mundo menos eu . . .

- A torre, ali, a janela, é Rapunzel certamente! Poderei falar com ela, encontrei-a finalmente!

Mas logo se escondeu, ao ver a bruxa malvada, que ali apareceu, cantando desafinada:

" Rapunzel! Rapunzel! Joga suas louras tranças! Sem demora, sem demora, que eu vou subir agora!"

- É uma verdadeira escada de fios de ouro tecida, que vai do chão à sacada, facilitando a subida. Pela tranças, realmente, lá vai a bruxa magrela, muito vagarosamente subindo até a janela.

- Rapunzel, trouxe maçãs, leite pão e alguns docinhos. virei todas as manhãs. Não dê nada aos passarinhos, eles andam espalhando por aí, o que não devem e estão me atrapalhando. Pra teus amigos, não servem. Jogue as tranças novamente, que eu agora vou descer. Sejas boa e paciente, eu volto ao amanhecer.

- Pronto, a bruxa já desceu. Vou esperá-la sumir.

E agora, lá vou eu! Rapunzel, há de me ouvir!

" Rapunzel! Rapunzel! Joga as tuas louras tranças! Sem demora, sem demora, que eu vou subir agora!

- Essa voz! Ó que alegria! O príncipe me encontrou. Não disse? Naquele dia, ele bem que me avistou!

As tranças, já podes vir! Mas como ele vem ligeiro! A bruxa para subir, leva quase um dia inteiro!

- Já sei porque demoraste, eram tantos os caminhos, mas afinal me encontraste e graças aos passarinhos.

- É verdade e o que importa é cumprir o que jurei. Deste castelo sem porta, logo te libertarei.

- Mas como, a bruxa malvada fica de olho, lá fora. Quando está desconfiada, vem aqui a toda hora.

- Não faz mal, amanhã cedo, depois do cantar do galo eu volto. Não tenhas medo. Iremos no meu cavalo.

Dizendo isto, desceu pelas tranças. E do chão soprou-lhe o beijo que deu na palma da própria mão. Mas Rapunzel estava certa, meia hora se passava e a velha bruxa esperta, desconfiada voltava.

- Estou sentindo algo estranho e diferente no ar. Com minhas unhas te arranho, se quiseres me enganar. Que estás rindo agora? - Por acaso faço graça? Antes que me vá embora logo, conta logo o que se passa!

- É que tu demoras tanto, sobe tão devagarzinho e o príncipe, no entanto, faz isso num instantinho! - Ó, que fiz, que desastrada, contei tudo pra megera. Essa bruxa desalmada, agora vai virar fera.

- Ah, então era isso, o príncipe da floresta! Pois vai ver o meu feitiço! Que desaforo, ora esta! Tuas tranças, vou cortá-las com tesourão de jardim! - Não precisas mais usá-las.

É o princípio do teu fim! E largo-te no deserto, onde, o sol te queimará e o teu príncipe por certo, jamais te descobrirá!

Desceu da torre com ela, pelas tranças que amarrou, com um nó bem forte à janela, logo depois que as cortou. E aos empurrões foi levando Rapunzel, até deixá-la chorando, sem ninguém para ajudá-la.

- Voltarei à torre agora, subo e recolho as tranças e o castigo não demora, me pagam essas crianças.

E Rapunzel, ah, que sorte! Assim que se acalmou, seu coração bateu forte; Teve uma idéia, cantou!

Passarinhos, amiguinhos! Onde estão pra me ajudar! Tenho fome, tenho sede, já não posso caminhar. Passarinhos, amiguinhos, para onde devo ir, estou perdida no deserto, já não posso resistir.

Estamos todos aqui, voando no azul do céu, quem te viu, foi bemtevi e nos trouxe Rapunzel! Bem perto existe um riacho, vamos te conduzir, juntinhos voando baixo para a sombra, te cobrir!

- Que bom lugar, sorte a minha! Tem sombra, frutas, que amor! Aqui viverei sozinha, mas não morro de calor.

No outro dia, pontualmente, enquanto o galo cantava, o príncipe inocente, ao pé da torre chegava.

" Rapunzel! Rapunzel! Joga as tuas louras tranças! Sem demora, sem demora, que eu vou subir agora!

- Ah! Estão bem amarrados, aí vão, pode subir, estou rindo às gargalhadas, do susto que vai sentir. Lá vem ele o pobre louco que queria me enganar, vou soltar meu grito rouco...

Caiu! De pernas para ar!

- Ó! Meu Deus, eu não vejo nada! Fiquei cego! Foi feitiço, foi essa bruxa malvada, que por vingança fez isso!

E sete dias andou, sem ter um destino certo. Até que a sorte o levou, para os lados do deserto. Foi quando escutou distante, uma voz familiar, que o deixou radiante, só de ouvi-la cantar!

" Vivo triste no deserto, onde a bruxa me deixou, sete dias, sete noites e ninguém me encontrou, vivo triste no deserto, mas não deixo de cantar! Pois o príncipe, por certo ao me ouvir vem me buscar!

- Rapunzel, aonde é que estás?

- Estou aqui, na tua frente! Estás cego, não me vês mais? Foi a bruxa certamente!

De cansaço, desmaiando, o príncipe foi ao chão e debruçada chorando, Rapunzel tomou-lhe a mão. Suas lágrimas caíram sobre seus olhos fechados que logo, logo se abriram, completamente curados!


- É um milagre com certeza, do teu amor que é tão belo. Serás a minha princesa, rainha do meu castelo.

Levou-a dali, casaram e vieram muitas crianças e as menininhas usaram, é claro, compridas tranças!