As crianças da casa já não a abraçam mais.
Uma bola velha, revestida de couro, carregando tantas marcas em sua roupa: um chute daqui, outro dali, um abraço apertado ou um puxão.
Estes sinais às vezes parecem medalhas. Homenagens rendidas a tanta alegria que proporcionou.
Quantas histórias a bola furada tem para contar.

Como foram bonitos e cheios de emoção aqueles dias em que esteve em plena forma e foi companheira de muitas partidas, grandes comemorações.
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Hoje, lá no fundo do baú de brinquedos, ela relembra daqueles momentos de vedete.
Entre abraços secos e quentinhos, alguns a umideceram com lágrimas. De emoção ou tristeza não importava muito. Bom mesmo era saber que as emoções eram divididas com ela.
Que saudades...

Tão enrugadinha,já nem tem mais forma.
Parece a propósito que já não rola mais sozinha. Para sair do lugar precisa do toque daquelas mãos que um dia quiseram segurá-la.
Vive apenas das lembranças de quando era redondinha.
Espera ansiosa que aquele coração que ela encheu de alegria, resolva transportá-la a um lugar de destaque na estante da sala.
Como se fosse um troféu!

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Uma bola furada tem sempre tantos merecimentos.
Dentro dela existem segredos. Faíscas de luz que iluminaram tantos dias...
Raquel Ribeiro