quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A bola furada

Lá está ela. Sempre no mesmo lugar.
As crianças da casa já não a abraçam mais.


Uma bola velha, revestida de couro, carregando tantas marcas em sua roupa: um chute daqui, outro dali, um abraço apertado ou um puxão.
Estes sinais às vezes parecem medalhas. Homenagens rendidas a tanta alegria que proporcionou.
Quantas histórias a bola furada tem para contar.


Como foram bonitos e cheios de emoção aqueles dias em que esteve em plena forma e foi companheira de muitas partidas, grandes comemorações.


Hoje, lá no fundo do baú de brinquedos, ela relembra daqueles momentos de vedete.Entre abraços secos e quentinhos, alguns a umideceram com lágrimas. De emoção ou tristeza não importava muito. Bom mesmo era saber que as emoções eram divididas com ela.
Que saudades...


Tão enrugadinha,já nem tem mais forma.
Parece a propósito que já não rola mais sozinha. Para sair do lugar precisa do toque daquelas mãos que um dia quiseram segurá-la.
Vive apenas das lembranças de quando era redondinha.
Espera ansiosa que aquele coração que ela encheu de alegria, resolva transportá-la a um lugar de destaque na estante da sala.
Como se fosse um troféu!


Uma bola furada tem sempre tantos merecimentos.
Dentro dela existem segredos. Faíscas de luz que iluminaram tantos dias...

Raquel Ribeiro